Governo Donald Trump reforça mobilização militar e escala tensões com Venezuela e Colômbia Internacional, Caribe, Estados Unidos, Venezuela CNN Brasil
O governo dos Estados Unidos anunciou na sexta-feira o 10º ataque contra barcos em águas internacionais desde 2 de setembro, data em que começaram as ofensivas no Caribe. Os EUA alegaram que essas embarcações transportavam narcóticos, sem apresentar provas que sustentem essas afirmações.
Até o momento, 43 pessoas morreram nesses ataques no Caribe e no Pacífico, realizados sem processos judiciais nem uma declaração de guerra aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos.
O governo de Donald Trump tem escalado as tensões com os governos da Venezuela e da Colômbia. Trump tem trocado declarações hostis com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e também com o presidente colombiano Gustavo Petro.
As operações no Caribe começaram após o envio de navios de guerra norte-americanos à região — mobilização que, segundo o governo americano, busca combater os cartéis de drogas. Já a ditadura da Venezuela afirma que os EUA querem, na verdade, promover uma mudança de regime.

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Dias atrás, Maduro classificou os ataques como “execuções em série” e pediu à ONU que investigasse o caso. O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, chamou os ataques de “uma guerra não declarada”, enquanto a chancelaria venezuelana denunciou a “ameaça militar” de Washington.
Gustavo Petro, por sua vez, declarou que sempre estará “contra genocídios e assassinatos do poder no Caribe”.
Veja a linha do tempo dos ataques
2 de setembro
O primeiro ataque dos Estados Unidos contra uma embarcação no Caribe ocorreu em 2 de setembro.
Trump anunciou a ofensiva em suas redes sociais e afirmou que, sob suas ordens, as Forças Armadas dos EUA “realizaram um ataque militar contra narcoterroristas do Tren de Aragua identificados na área de responsabilidade do Comando Sul”.
“O Tren de Aragua é uma organização terrorista estrangeira designada pelo Departamento de Estado, que opera sob o controle de Nicolás Maduro e é responsável por homicídios em massa, narcotráfico, tráfico humano e atos de violência e terror nos Estados Unidos e no hemisfério ocidental”, escreveu Trump.
“Que isso sirva de advertência a quem pensa em trazer drogas para os EUA. CUIDADO!”, acrescentou.
A CNN noticiou que o Departamento de Defesa não apresentou provas conclusivas de que os alvos pertenciam ao Tren de Aragua, e as autoridades não puderam determinar com precisão o destino da embarcação. 11 pessoas morreram nesse ataque.
15 de setembro
Menos de duas semanas depois, os EUA realizaram um novo ataque em águas internacionais, no qual 3 pessoas morreram. Trump disse que o barco “transportava narcóticos ilegais” da Venezuela. “Esses cartéis extremamente violentos REPRESENTAM UMA AMEAÇA à Segurança Nacional, à Política Externa e aos interesses vitais dos EUA”, afirmou.
O secretário de Defesa Pete Hegseth e o secretário de Estado Marco Rubio anteciparam mais operações no Caribe, afirmando que os EUA “vão combater os cartéis que estão inundando as ruas americanas”.
19 de setembro
Trump anunciou outro ataque contra uma embarcação que, segundo ele, estava ligada a uma organização terrorista designada. “A inteligência confirmou que o barco traficava drogas ilícitas por uma rota conhecida, a caminho de envenenar os americanos”, publicou Trump. 3 pessoas morreram nesse ataque.
3 de outubro
O secretário de Defesa Pete Hegseth informou que as Forças Armadas dos EUA realizaram um quarto ataque, matando 4 pessoas.
O ataque ocorreu em águas internacionais próximas à costa da Venezuela.
Hegseth afirmou que a inteligência confirmara que a embarcação traficava drogas e que os tripulantes eram “narcoterroristas”.
14 de outubro
Seis pessoas morreram no quinto ataque dos EUA contra uma embarcação perto da costa da Venezuela. Trump disse novamente que o barco estava ligado a uma organização terrorista, sem citar qual nem apresentar provas. Até esse momento, já eram 27 mortos nas operações.
Em carta ao Congresso, o Pentágono afirmou que Trump havia determinado que os EUA estão em “conflito armado” com os cartéis de drogas — classificados como organizações terroristas — e que seus membros são “combatentes ilegais”.
A CNN reportou, no entanto, que ao menos uma das embarcações atacadas havia dado meia-volta antes de ser atingida, indicando que não representava ameaça imediata aos EUA.
16 de outubro
Os EUA realizaram o sexto ataque, desta vez o primeiro em que houve sobreviventes. Dois homens, do Equador e da Colômbia, foram repatriados.
Trump afirmou que, se o submarino tivesse chegado à costa, “25 mil americanos morreriam”.
Um dos sobreviventes, Jeison Obando Pérez, colombiano de 34 anos, chegou ao país com trauma cerebral e sob sedação, segundo o ministro do Interior Armando Benedetti.
O equatoriano, Andrés Fernando Tufiño Chila, de 41 anos, foi avaliado por médicos ao retornar a seu país.
A Procuradoria do Equador informou não haver registros de crimes cometidos por ele no país.
17 de outubro
Dois dias depois, Hegseth anunciou que o sétimo ataque atingiu uma embarcação supostamente ligada a uma organização terrorista colombiana, matando 3 tripulantes.
“Esses cartéis são a Al Qaeda do Hemisfério Ocidental”, escreveu. “Serão perseguidos e mortos, assim como a Al Qaeda.”
O presidente colombiano Gustavo Petro acusou os EUA de matar um cidadão colombiano inocente durante uma das operações. Trump respondeu anunciando o cancelamento de todos os pagamentos e subsídios dos EUA à Colômbia.
21 e 22 de outubro
As Forças Armadas dos EUA realizaram dois ataques letais no Pacífico, marcando uma expansão da campanha militar. Os bombardeios deixaram dois e três mortos, respectivamente.
Hegseth disse que os barcos operavam sob “organizações terroristas designadas” e estavam envolvidos em contrabando de drogas. “Os narcoterroristas que pretendem trazer veneno às nossas costas não encontrarão refúgio em nenhum lugar do hemisfério”, declarou.

