Estados e capitais não sabem quanto gastam para enfrentar as mudanças climáticas. Dezessete capitais não estão se preparando para se recuperar de desastres causados pelas alterações no clima. De 24 capitais brasileiras, apenas quatro identificaram os grupos mais vulneráveis às mudanças climáticas. Os dados constam de um novo estudo global que utiliza o Climate Scanner, uma plataforma apresentada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nesta terça-feira (11/11) em Belém, durante a COP30.
Conheça o JOTA PRO Poder, plataforma de monitoramento que oferece transparência e previsibilidade para empresas
A ferramenta avalia e monitora como os governos gerenciam a ação climática, do planejamento ao orçamento, e os países são avaliados com base em 15 indicadores, incluindo legislação climática, capacidade institucional para planejar, implementar e monitorar políticas, estratégias de redução de emissões e alocações orçamentárias para ações climáticas. Em um contexto em que autoridades do mundo inteiro querem acelerar o financiamento climático, os dados podem ajudar a balizar os riscos de operações.
Um total de 103 países, incluindo Reino Unido, Alemanha, Japão, Canadá, Argentina e Emirados Árabes Unidos, foram avaliados para o estudo. Os EUA e a China ainda não enviaram seus dados. A expectativa é a de que o façam em breve. Mais de 140 países aderiram à iniciativa Climate Scanner, apoiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
No mesmo estudo, fica claro que a maioria dos estados desconhece os riscos da mudança do clima em seu território e quase todos eles, assim como as capitais, têm formas de envolver os cidadãos, cientistas e empresários na discussão das políticas climáticas.
Mundialmente, o levantamento constatou que nove em cada dez países desconhecem seus gastos com o clima, enquanto sete em cada dez não possuem estratégias adequadas de médio e longo prazo para lidar com os impactos climáticos. Quatro em cada dez não têm planos de adaptação adequados e três quartos dos países em desenvolvimento têm dificuldade até mesmo para estimar os recursos necessários para enfrentar a crise.
“Essa escala a torna uma ferramenta de referência com potencial real para orientar reformas, aprimorar políticas e fortalecer a responsabilidade climática”, disse o presidente do BID, Ilan Goldfajn. “Sem dados confiáveis, não há como mensurar o progresso, ajustar políticas ou priorizar investimentos.”
Para o presidente do TCU, Vital do Rêgo Filho, que liderou a iniciativa, a plataforma oferece à sociedade uma ferramenta para responsabilizar os governos em todos os níveis. “É possível ver o comprometimento de cada país em governança, políticas públicas e orçamento.”
O ClimateScanner foi desenvolvido pela Organização Internacional das Instituições Superiores de Controle (Intosai), sob a liderança do Tribunal de Contas da União (TCU), que presidiu a entidade entre novembro/2022 e outubro/2025. Os dados globais e locais do ClimateScanner e do Painel ClimaBrasil encontram-se na mesma plataforma e estão ordenados pelos nomes do país, do estado e das capitais brasileiras.

