Estudo da Warren Rena aponta que, historicamente, a arrecadação dos quatro primeiros meses costuma corresponder a aproximadamente 33% do total anual
Este conteúdo foi originalmente publicado em Governo deve congelar R$ 15 bi no orçamento, estima consultoria no site CNN Brasil. Macroeconomia, CNN Brasil Money, Despesas, Governo Federal, Orçamento CNN Brasil
A consultoria Warren Rena estima que o governo deve anunciar um congelamento de aproximadamente R$ 15 bilhões no relatório bimestral de receitas e despesas que será divulgado na próxima quinta-feira (22).
Esse deveria ser o segundo relatório do ano, mas como a Lei Orçamentária Anual (LOA) atrasou para ser aprovada e sancionada, o pente-fino nas contas só sairá agora, em maio.
Segundo a análise, apesar do bom desempenho da arrecadação entre janeiro e abril, a consultoria calcula que seria necessário um bloqueio entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões para garantir o cumprimento da meta fiscal, mas o governo deve optar por uma tesourada menor.
De janeiro a abril, o governo arrecadou R$ 789 bilhões em receitas líquidas, segundo dados reunidos pela consultoria a partir do sistema SIGA Brasil. Esse valor representa cerca de um terço do que está previsto na LOA para todo o ano, que é de R$ 2,36 trilhões.
A consultoria aponta que, historicamente, a arrecadação dos quatro primeiros meses costuma corresponder a aproximadamente 33% do total anual.
Em 2025, a tendência observada até agora é semelhante, o que sugere que o ritmo das receitas está dentro do esperado.
De acordo com a Warren, em anos de crescimento econômico mais fraco, como 2015 e 2016, a arrecadação inicial representou uma fatia um pouco maior do total anual, indicando perda de fôlego nos meses seguintes.
Para a consultoria, a arrecadação ainda não mostra sinais relevantes de desaceleração, o que reforça a leitura de que o governo, neste momento, deve adotar um contingenciamento menor.
“Diante do bom desempenho do primeiro quadrimestre, dificilmente o governo defenderá, no relatório desta semana, um ajuste mais robusto. Deve optar, como temos dito, pela estratégia de avaliar, ao longo do ano, a dimensão da desaceleração da atividade e das receitas, para então se decidir sobre o aumento da contenção de gastos inicial”, conclui a nota.
Contingenciamento e bloqueio
A expectativa por cortes já circulava nos bastidores do governo desde o início do ano. Técnicos da equipe econômica vinham alertando que seria necessário contingenciar recursos para tentar cumprir a meta de zerar o déficit fiscal — ou seja, não gastar mais do que se arrecada.
Na semana passada, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, já havia confirmado o bloqueio e o contingenciamento no orçamento de 2025 para garantir o cumprimento da meta fiscal.
“Vamos seguir fazendo a gestão fiscal regular esse ano, bloqueando e contingenciando, porque temos que cobrir o arcabouço fiscal. Muita gente dizia que o presidente Lula não iria admitir bloqueios, mas bloqueamos R$ 20 bilhões ano passado.
Este ano vamos ter que continuar adotando medidas, para que tenhamos um resultado de país crescendo”, afirmou em evento nos Estados Unidos.
Nesta segunda-feira (20), após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Haddad afirmou que o relatório dará “público todo o quadro fiscal” do país.
“A gente vai dar a público todo o quadro fiscal deste ano e para o ano que vem também. Até quinta-feira, sai tudo. Vamos ter várias reuniões nesta semana para fechar e na quinta-feira a gente divulga”, disse à imprensa.
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