Ao todo, 64 pacientes foram atendidos no mutirão, e pelo menos 20 relataram sintomas adversos
Este conteúdo foi originalmente publicado em Pacientes têm complicações nos olhos após mutirão oftalmológico na Paraíba no site CNN Brasil. Paraíba, -agencia-cnn- CNN Brasil
O que era para ser um alívio na fila de espera por atendimento virou pesadelo para dezenas de pacientes atendidos durante um mutirão oftalmológico realizado no Hospital de Clínicas de Campina Grande, no interior da Paraíba. Alguns pacientes apresentaram complicações severas, incluindo infecções oculares e, em alguns casos, a suspeita de perda da visão.
A pedagoga Errta Rianny Mendes, de 43 anos, que tem glaucoma e baixa visão, passou por uma injeção intraocular durante o mutirão. Dois dias após a segunda aplicação, sentiu dores intensas, teve a visão comprometida e precisou ser internada às pressas no Hospital Metropolitano, em João Pessoa, onde passou por procedimento.
“Eu continuo sem enxergar bem. Ainda sinto muita dor, mas o líquido parou de sair do meu olho. Ainda nesta quarta-feira [20], eu e outros pacientes devemos ser transferidos para outra unidade de saúde”, relatou a paciente.
Ela diz ter ficado surpresa com a quantidade de pessoas com problemas oftalmológicos depois de serem atendidas no mutirão. “Só na ala onde eu estou, que é destinada a mulheres, estão umas 15 pessoas. Ainda tem um espaço para os homens. Até agora, ninguém do estado diz pra gente o que provocou esse problema”, disse a paciente, sem saber se vai voltar a enxergar.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, o mutirão foi realizado pela Fundação Rubens Dutra Segundo. Ao todo, 64 pacientes foram atendidos no mutirão, e pelo menos 20 relataram sintomas adversos após os procedimentos. O governo afirma ter aberto uma sindicância interna e suspendeu novas intervenções oftalmológicas na unidade.
O caso chegou ao Ministério Público da Paraíba, que instaurou procedimento investigativo e exigiu da Secretaria explicações formais sobre a execução do mutirão, inclusive com cópia do contrato, nomes dos profissionais envolvidos e medidas de fiscalização. As informações devem ser repassadas em até dez dias.
O Conselho Regional de Medicina (CRM-PB) também acompanha o caso e pode abrir sindicância ética contra médicos que participaram da ação, caso receba alguma denúncia.
A CNN tenta contato com representantes da Fundação Rubens Dutra Segundo.
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