Analista destaca mudança na postura de Haddad e aponta desafios do governo para cumprir meta fiscal sem aumento do IOF Macroeconomia, -transcricao-de-video-money-, CNN Brasil Money, economia, Thais Herédia CNN Brasil
O impasse em torno do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) tem aumentado o risco fiscal no Brasil e elevado a tensão entre os Poderes. A análise é da especialista em economia Thais Herédia, que destaca uma mudança na postura do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, diante do cenário.
Segundo Herédia, Haddad adotou um discurso mais político recentemente, em contraste com sua postura anterior mais técnica e defensiva. “Aconteceu que ele foi convocado para atuar nessa nova campanha do governo”, afirma a analista, ressaltando que o ministro entendeu a necessidade de assumir um novo papel diante do enfraquecimento de sua interlocução com o Congresso e o mercado financeiro.
Com a derrubada do decreto que elevava o IOF pelo Congresso, o governo enfrenta o desafio de encontrar alternativas para fechar as contas no final do ano. A expectativa era de um incremento na arrecadação da ordem de R$ 10 bilhões com a medida.
Herédia aponta que o governo terá que buscar outras fontes de receita: “O governo vai encontrar uma saída, porque se ele não cumpre a meta fiscal esse ano, no ano que vem, que é o ano eleitoral, pelas regras do arcabouço fiscal, a despesa vai subir menos”.
Entre as possíveis alternativas, a analista menciona a venda de excedentes de petróleo, que poderia render cerca de R$ 15 bilhões, e o crescimento econômico acima das expectativas, que tem impulsionado a arrecadação.
A especialista alerta que a incerteza fiscal afeta não apenas as contas públicas, mas também as expectativas de inflação e as decisões do Banco Central. “É tudo muito ligado, não tem como separar uma coisa da outra”, explica Herédia.
A persistência da desancoragem das expectativas de inflação, segundo a analista, está ligada à leitura sobre o cenário fiscal. Isso pode influenciar as decisões futuras do Banco Central, que a partir de julho passará a considerar um horizonte mais longo em suas análises.
Com o cenário atual, Herédia conclui que o embate sobre o IOF “vai dar o tom da negociação de todas as outras agendas e questões importantes que vão dar um horizonte sobre o que pode ser a economia do ano que vem”.