Evitando Estados Unidos e Donald Trump em declaração final, bloco afirma que medidas protecionistas ameaçam “reduzir ainda mais o comércio global” Macroeconomia, BRICS, Comércio exterior, Donald Trump, Tarifas CNN Brasil
Em declaração conjunta divulgada neste domingo (6), os líderes do Brics manifestaram grandes “preocupações” com uma escalada protecionista em forma de tarifas e medidas não-tarifárias na economia global e voltaram a defender um comércio multilateral. A informação tinha sido confirmada com antecedência pela CNN.
Sem citar diretamente o presidente americano, Donald Trump, o bloco afirmou que aumento de taxas “ameaçam reduzir ainda mais o comércio global, interromper as cadeias de suprimentos globais e introduzir incerteza nas atividades econômicas e comerciais internacionais, afetando as perspectivas de desenvolvimento econômico globais”.
No entanto, pessoas envolvidas nas negociações do comunicado afirmam que Trump foi o alvo.
Além disso, há referências ao protecionismo “sob o pretexto de motivos ambientais”, o que remete a medidas tomadas no passado pela União Europeia contra produtos do agronegócio brasileiro.
A Lei Antidesmatamento da UE, que deve entrar em vigência no início de 2026, afeta uma lista de produtos que vão da carne e da soja produzidas no Brasil ao óleo de palma fabricado na Indonésia (recém-incorporada ao Brics).
Declaração final
Sob o tema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, os líderes do Brics também reafirmaram o compromisso com o multilateralismo e a reforma da governança global, buscando um sistema internacional mais justo e representativo, com maior participação de países em desenvolvimento e mercados emergentes.
A Declaração do Rio de Janeiro destacou, ainda, a importância de iniciativas conjuntas, como as declarações sobre Finanças Climáticas e Governança Global da Inteligência Artificial, e o lançamento da Parceria para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas.
O bloco também expressou preocupação com os conflitos globais, incluindo as situações na Ucrânia, Oriente Médio. A declaração final de líderes do Brics “condena” os ataques militares dos Estados Unidos e de Israel a alvos no Irã, em uma linguagem sutilmente acima de nota conjunta divulgada pelo grupo, mas muito aquém dos termos desejados pela delegação iraniana e provocaram impasse nas vésperas do encontro.
Trata-se de um aceno ao Irã, incorporado como membro do Brics em 2023, representado no Rio de Janeiro pelo chanceler Abbas Araghchi. O presidente Masoud Pezeshkian não veio à cúpula.
Além disso, o Brics reiterou o apoio à reforma de instituições como a ONU e as de Bretton Woods, visando torná-las mais adequadas às realidades do mundo multipolar e garantir uma representação equitativa para o Sul Global.