Em seu discurso de abertura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sediará a Cúpula do Clima das Nações Unidas em novembro, também condenou o negacionismo em relação à emergência climática Macroeconomia, BRICS, CNN Brasil Money, transição energética CNN Brasil
Os líderes do grupo Brics de nações em desenvolvimento abordaram os desafios comuns do aquecimento global, nesta segunda-feira (7), último dia de sua cúpula no Rio de Janeiro, pedindo que os países ricos financiem a mitigação global das emissões de gases de efeito estufa.
Em seu discurso de abertura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sediará a Cúpula do Clima das Nações Unidas em novembro, também condenou o negacionismo em relação à emergência climática, criticando indiretamente a decisão do presidente norte-americano Donald Trump de retirar seu país do Acordo de Paris de 2015.
“Hoje, o negacionismo e o unilateralismo estão corroendo avanço do passado e sabotando nosso futuro”, disse ele. “O Sul Global tem condições de liderar novo paradigma de desenvolvimento, sem repetir os erros do passado.”
Trump falou no domingo sobre críticas veladas do grupo Brics, acusando o bloco de ter “políticas antiamericanas” e ameaçando-o com tarifas extras de 10%. Os membros do Brics rechaçaram a acusação e reafirmaram seu compromisso com um mundo multilateral.
Em comentários aos líderes na cúpula do Rio, Lula pediu uma transição global que se afaste dos combustíveis fósseis, os principais impulsionadores das mudanças climáticas.
Mas um comunicado conjunto dos líderes do Brics divulgado no domingo argumentou que o petróleo continuará a desempenhar um papel importante na matriz energética global, particularmente nas economias em desenvolvimento — em outro sinal de que o Brics, cada vez mais heterogêneo, enfrenta desafios para encontrar uma posição unificada sobre questões importantes.
“Nós vivemos um momento de muitas contradições, e o importante é que estamos dispostos a superar essas contradições”, disse a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, à margem da cúpula, quando questionada sobre os planos de extração de petróleo na costa da floresta amazônica.
Em comunicado conjunto, os líderes do Brics ressaltaram que fornecer financiamento climático “é uma responsabilidade dos países desenvolvidos para com os países em desenvolvimento”, que é a posição padrão das economias emergentes nas negociações globais.
O comunicado também mencionou o apoio do grupo a um fundo que o Brasil propôs para proteger florestas ameaçadas — o Tropical Forests Forever Facility — como uma forma de as economias emergentes financiarem a mitigação das mudanças climáticas além dos requisitos obrigatórios impostos às nações ricas pelo Acordo de Paris.
China e Emirados Árabes Unidos sinalizaram em reuniões com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Rio de Janeiro, que planejam investir no fundo, disseram duas fontes com conhecimento das discussões à Reuters na semana passada.
O comunicado conjunto dos líderes do Brics também criticou políticas como impostos sobre as fronteiras de carbono e leis antidesmatamento, adotadas recentemente pela Europa, por imporem o que chamaram de “medidas protecionistas discriminatórias” sob o pretexto de preocupações ambientais.
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