Peças encontradas na Polônia estavam dentro de uma lápide decorada que revelou detalhes sobre a população Tecnologia, Arqueologia, arqueologia medieval CNN Brasil
Arqueólogos descobriram os restos mortais de um cavaleiro medieval enterrado sob uma antiga sorveteria na cidade de Gdańsk, na Polônia.
Especialistas atuam no local, situado no distrito histórico de Śródmieście (centro da cidade), desde 2023. Inicialmente, eles encontraram uma lápide medieval decorada com a imagem esculpida de um cavaleiro, segundo comunicado da empresa polonesa de arqueologia ArcheoScan enviado à CNN nesta terça-feira (22).
A lápide foi removida no início de julho, revelando um esqueleto completo de um homem adulto, que teria vivido entre os séculos XIII e XIV.
A descoberta é de “significado excepcional” e “uma das mais importantes da arqueologia na Polônia nos últimos anos”, afirmou a arqueóloga Sylwia Kurzyńska, diretora da ArcheoScan, no comunicado.
O objeto é feito de calcário da ilha de Gotland, material muito valorizado na Idade Média. O relevo mostra um cavaleiro usando armadura de cota de malha e perneiras, com uma espada e um escudo.

A laje mede cerca de 150 centímetros de comprimento e ainda preserva detalhes importantes da escultura, apesar de estar parcialmente danificada.
“A lápide está notavelmente bem preservada, considerando que foi esculpida em calcário macio e ficou enterrada por séculos”, disse Kurzyńska.
“O cavaleiro é representado de pé, com a espada erguida — uma postura que provavelmente simboliza autoridade e status social elevado”, acrescentou.
Isso a diferencia da maioria das obras fúnebres do fim da Idade Média, que geralmente se limitavam a epitáfios com inscrições, painéis heráldicos ou cruzes cristãs, segundo Kurzyńska.
“Apenas uma pequena fração incluía representações dos falecidos — e, entre essas, a maioria era composta por gravações simples em lajes planas destinadas ao uso no chão das igrejas”, explicou.

Outro aspecto incomum é que tanto a arte quanto o contexto arqueológico foram preservados.
Após removerem a laje, os arqueólogos encontraram os restos mortais de um homem que media entre 1,70 metro e 1,80 metro — significativamente mais alto que a média da época medieval, segundo Kurzyńska.
Os ossos estavam organizados de forma natural, confirmando que a lápide marcava o local original do sepultamento. A análise preliminar indica “excelente preservação”, disse ela.
“Embora não tenham sido encontrados objetos no túmulo, todas as evidências disponíveis sugerem que o falecido era uma pessoa de alta posição social — muito provavelmente um cavaleiro ou comandante altamente estimado e respeitado”, afirmou Kurzyńska.

A sepultura fazia parte de um cemitério com quase 300 enterramentos, vinculado à igreja mais antiga conhecida de Gdańsk.
O edifício foi construído com carvalho datado de 1140, e se localizava em um antigo reduto medieval ocupado do final do século XI ao início do século XIV, segundo o comunicado.
“Este foi um local de poder, fé e sepultamento — um espaço de importância simbólica e estratégica na história de Gdańsk”, destacou Kurzyńska.
A descoberta recente “oferece uma fonte inestimável de conhecimento sobre a vida e a morte da elite militar de Gdańsk nos séculos XIII e XIV, sobre as tradições funerárias medievais e sobre as conexões culturais através do Báltico”, completou.
Os especialistas agora trabalham na análise detalhada da lápide e do esqueleto.
A laje está sendo limpa e estabilizada para ser documentada e escaneada em 3D, permitindo a reconstrução digital das partes faltantes. Já o esqueleto passará por análise antropológica e genética para revelar mais sobre a vida do cavaleiro, e uma reconstrução facial será feita a partir do crânio.
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