Líderes participam de desfile militar que marca o aniversário de 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial Internacional, China, Coreia do Norte, Donald Trump, Estados Unidos, Kim Jong Un, Rússia, Segunda Guerra Mundial, Vladimir Putin, Xi Jinping CNN Brasil
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, estarão entre os líderes estrangeiros que participarão do grande desfile militar da China na próxima semana, anunciou o Ministério das Relações Exteriores da China na quinta-feira (28).
O desfile, que será realizado na Praça da Paz Celestial, em Pequim, em 3 de setembro, faz parte das comemorações da China para marcar o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, após a rendição formal do Japão.
O anúncio, que coloca Putin e Kim no topo da lista de convidados do presidente chinês Xi Jinping, prepara o cenário para uma extraordinária sessão de fotos com os três líderes autocráticos lado a lado no topo do Portão da Paz Celestial em Pequim, em uma demonstração de unidade.
A agência de notícias estatal norte-coreana KCNA confirmou a presença de Kim, no que seria a primeira viagem do líder norte-coreano à China desde 2019. Kim, que embarcou em apenas dez viagens ao exterior desde que assumiu o poder em 2011, deixou seu país isolado pela última vez em 2023 para se encontrar com Putin em um remoto porto espacial no extremo leste da Rússia.
O desfile oferece ao recluso chefe do regime mais severamente sancionado do mundo uma rara oportunidade de aparecer ao lado de outros líderes mundiais que estão gravitando em direção a uma ordem mundial alternativa que Xi e Putin têm lutado para criar.
A confirmação da presença de Kim no desfile ocorre poucos dias depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, dizer que gostaria de se encontrar com o líder norte-coreano este ano.
Demonstração de força militar
Pequim projeta força militar em um momento de crescente incerteza geopolítica, com Trump rompendo alianças e parcerias americanas. A medida também ocorre em meio à postura cada vez mais assertiva da China em relação a Taiwan e suas disputas territoriais com os países vizinhos.
Um total de 26 chefes de estado e de governo estrangeiros participarão do desfile, incluindo o primeiro-ministro do Paquistão, Shehbaz Sharif, disse o ministro assistente das Relações Exteriores, Hong Lei, em uma entrevista coletiva em Pequim.
Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia que estará na cidade chinesa de Tianjin para uma cúpula da Organização de Cooperação de Xangai neste fim de semana, não está entre a lista de líderes presentes no desfile.
O chefe da junta militar de Mianmar, Min Aung Hlaing, que está servindo como presidente interino do país depois que um golpe militar derrubou um governo eleito em 2021 e mergulhou o país em uma guerra civil devastadora, também estará presente.
Outros convidados incluem os líderes europeus simpatizantes da Rússia, Aleksandar Vucic, da Sérvia, e Robert Fico, da Eslováquia.
Notavelmente ausentes estão os líderes das principais capitais ocidentais, embora a China tenha sido uma parceira crucial das potências aliadas no Teatro do Pacífico da Segunda Guerra Mundial. A luta do país contra a invasão em larga escala do Japão tornou-se uma importante frente de guerra na Ásia, terminando apenas em 1945 com a rendição do Japão.
O conflito continuou na China entre as forças comunistas e nacionalistas até que as primeiras finalmente venceram em 1949, levando à criação da República Popular da China, que Xi agora comanda.
O desfile de 70 minutos de quarta-feira (3) contará com mais de 10 mil soldados, mais de 100 aeronaves e centenas de equipamentos terrestres, exibindo o crescente poder militar da China sob o comando de Xi, que fez da modernização do Exército de Libertação Popular (ELP) uma missão central de seu governo.
O espetáculo rigorosamente coreografado oferecerá um raro vislumbre da tecnologia militar chinesa em rápido avanço. Autoridades afirmaram que todos os equipamentos em exposição são de produção nacional e estão em serviço, com muitos deles em estreia – desde drones de última geração, sistemas de interferência eletrônica, armas hipersônicas, tecnologias de defesa aérea e antimísseis até mísseis estratégicos.
Pequim tem sido o principal patrocinador político e econômico da Coreia do Norte por décadas, fornecendo um suporte vital crucial para sua economia fortemente sancionada. A Coreia do Norte também é a única aliada formal da China, com um tratado de defesa mútua assinado em 1961.
Nos últimos anos, a Coreia do Norte estreitou laços com a Rússia em meio à guerra de Moscou contra a Ucrânia, complicando o equilíbrio geopolítico do Leste Asiático e os esforços da China para manter a estabilidade regional.
Xi, o mais poderoso apoiador de Putin, observou com cautela enquanto o líder russo e Kim forjavam uma nova aliança que levou a Coreia do Norte a enviar tropas para se juntar à guerra da Rússia contra a Ucrânia. No ano passado, Putin e Kim assinaram um pacto de defesa histórico em Pyongyang e se comprometeram a fornecer assistência militar imediata caso o outro fosse atacado – uma medida que abalou os EUA e seus aliados asiáticos.
Hong, o ministro assistente das Relações Exteriores chinês, elogiou a “amizade tradicional” entre a China e a Coreia do Norte na coletiva de imprensa de quinta-feira, observando que os dois países apoiaram um ao outro na luta contra a invasão do Japão há oito décadas.
“A China está disposta a continuar a trabalhar lado a lado com a Coreia do Norte para fortalecer os intercâmbios e a cooperação, avançar na construção socialista e colaborar estreitamente na promoção da paz e estabilidade regionais, bem como na salvaguarda da justiça e equidade internacionais”, disse Hong.

