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“Smart drugs”: medicamentos prometem mais performance, mas a que custo? 

Última atualização: 8 de outubro de 2025 09:24
Published 8 de outubro de 2025
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Uso de remédios para foco e concentração cresce entre alunos e profissionais; especialistas alertam para efeitos colaterais, risco de dependência e desigualdade de acesso  Saúde, Medicamentos, performance CNN Brasil

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A promessa de um comprimido capaz de aumentar foco, concentração e memória parece sedutora em uma sociedade cada vez mais competitiva. Não por acaso, as chamadas smart drugs têm se popularizado — e despertado preocupação na comunidade científica.

São medicamentos já conhecidos para o tratamento de distúrbios como o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e narcolepsia, mas usados sem indicação médica por quem acredita precisar de um estímulo extra no dia a dia. Entre esses fármacos estão o metilfenidato, vendido como Ritalina e Concerta; lisdexanfetamina, conhecida como Venvanse; ou a modafinila, comercializada como Provigil.

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Também entram nesse universo antidepressivos e ansiolíticos, nootrópicos clássicos — usados para distúrbios cognitivos ligados ao envelhecimento, demências e sequelas de AVC — e suplementos conhecidos como nutracêuticos, como cafeína, ginseng e creatina.

Um levantamento conduzido pela Universidade de Exeter durante a pandemia de Covid-19 e publicado na revista Frontiers in Psychology acompanhou 736 estudantes e funcionários de universidades no Reino Unido. O estudo revelou um crescimento de 42% no uso de modafinila e de 30% no consumo de nutracêuticos em altas doses. “Do ponto de vista clínico, esses medicamentos podem até trazer alguns efeitos positivos, mas é importante colocar isso em perspectiva”, afirma o psiquiatra Luiz Zoldan, gerente médico do Espaço Einstein de Saúde Mental e Bem-estar, do Einstein Hospital Israelita. “Em pessoas saudáveis, os efeitos costumam ser pequenos, passageiros e muito longe da ideia de um ‘remédio que aumenta a inteligência’.”

A neurocientista Barbara Sahakian, professora de neuropsicologia clínica na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, chega a conclusões semelhantes em seus estudos. Ela atuou em ensaios que mostraram que a modafinila pode melhorar a flexibilidade cognitiva, reduzir a impulsividade e aumentar o prazer na realização de tarefas. “Como tantas pessoas estão usando drogas como metilfenidato e modafinila, é importante saber se elas são seguras e eficazes a longo prazo”, afirma. No entanto, o que as pesquisas concluíram é que os ganhos são modestos e que mais investigações são necessárias. “

Ritmo acelerado

A busca por substâncias capazes de alterar o funcionamento da mente acompanha a humanidade há milênios. Povos de diferentes culturas usaram plantas e compostos em rituais religiosos, práticas espirituais ou para aumentar a resistência em condições adversas. Um exemplo citado em editorial da revista eClinicalMedicine, da The Lancet, foi a descoberta da cova de um xamã nos Andes, de mil anos atrás, enterrado com plantas psicoativas como coca e alucinógenos.

“O conjunto, projetado para o consumo de drogas que alteram a mente, é sinal não apenas do intrincado conhecimento botânico das práticas rituais pré-colombianas, mas também da natureza antiga e transcultural da vontade humana de levar o cérebro além de seus limites”, escrevem os editorialistas.

O século 20 marcou a virada para substâncias sintéticas com propósitos médicos específicos. O metilfenidato surgiu nos anos 1950 para tratar sintomas de TDAH; a modafinila foi aprovada nos anos 1990 contra narcolepsia; e a lisdexanfetamina tornou-se opção para TDAH e compulsão alimentar. “São medicamentos de prescrição que acabam sendo usados fora da indicação médica, geralmente por estudantes em época de provas, profissionais em ambientes de alta competitividade e, mais recentemente, até por gamers ou influenciadores digitais”, diz Zoldan.

De acordo com o NHS, o sistema de saúde pública britânico, entre 2021 e 2023 a prescrição de estimulantes do sistema nervoso central para o tratamento do TDAH aumentou 32% em adultos e 12% em crianças. Foi a primeira vez, desde o início dos registros em 2015, que mais adultos do que crianças receberam essas prescrições.

No Brasil, uma pesquisa de 2019 feita com universitários mostrou que 5,8% relataram uso de metilfenidato para “melhora cognitiva” e que 41% usaram o medicamento nas quatro semanas anteriores ao estudo. Esses números, somados ao crescimento observado no Reino Unido durante a pandemia de Covid-19, apontam para um comportamento que tende a se intensificar diante das transformações sociais recentes. “Numa sociedade global em que a competição por empregos atrativos é intensa e estressante, e com a inteligência artificial assumindo algumas funções, é provável que o uso de drogas para aprimoramento cognitivo aumente em um ritmo ainda mais acelerado no futuro”, avalia Sahakian.

Mais desempenho ou mais tolerância?

Na prática, o uso de smart drugs em pessoas saudáveis revela um descompasso: enquanto muitos relatam se sentir mais focados e produtivos, os resultados objetivos mostram ganhos pequenos ou inexistentes. Um estudo da Universidade de Melbourne, na Austrália, publicado em 2023, avaliou o desempenho em tarefas complexas e concluiu que, embora essas substâncias aumentem o esforço cognitivo — como o tempo gasto e o número de movimentos —, elas reduzem a qualidade desse esforço.

“Quando os pesquisadores perguntaram como tinha sido a semana com o uso das medicações, mesmo quando era placebo, a pessoa se sentia melhor. Em parte, porque tanto o placebo quanto essas drogas estimulam a dopamina no cérebro, já que influenciam a expectativa sobre o desempenho”, explica o neurologista Fabiano Moulin de Moraes, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Segundo ele, a dopamina melhora o engajamento nas atividades, mas não a atenção em si. “Na verdade, a pessoa não fica mais atenta, ela tolera ficar mais tempo naquilo que está fazendo. E, no fim, o desempenho tende a ser igual ao de quando não tomava. Mas, por se sentir mais engajada, acha que valeu a pena”, completa Moulin.

O uso sem indicação médica também traz efeitos colaterais. De acordo com o psiquiatra do Einstein, no curto prazo são comuns insônia, ansiedade, agitação, palpitações, aumento da pressão arterial e até arritmias em casos mais graves. Pode haver ainda perda de apetite — preocupante em adolescentes e jovens —, alterações de humor e, em situações extremas, episódios de paranoia ou sintomas psicóticos transitórios.

Em longo prazo, o uso contínuo pode gerar dependência, necessidade de doses maiores e problemas como prejuízo crônico do sono, desgaste emocional, piora de quadros de ansiedade e depressão, além de impacto cardiovascular em pessoas predispostas. “No fim, o que preocupa é que, em vez de realmente melhorar o desempenho, esse uso pode criar um ciclo de falsa produtividade: a pessoa acredita que está funcionando melhor, mas acaba sacrificando saúde mental, sono e equilíbrio do corpo”, conclui Zoldan.

Questão social

O uso de substâncias para melhorar a performance acadêmica e profissional levanta dilemas que vão além da saúde individual. Especialistas chamam atenção para questões de mérito, acesso desigual e até paralelos com o doping esportivo. “A sociedade e os governos precisam considerar quem teria acesso às drogas para aprimoramento cognitivo”, destaca Sahakian. “Por exemplo, elas seriam permitidas em situações competitivas, como exames universitários, em que alguns estudantes podem considerar esse uso uma trapaça?”

Ela ressalta ainda a necessidade de restringir o consumo em crianças e adolescentes sem diagnóstico, já que, nessas fases, o cérebro ainda está em desenvolvimento, e de avaliar o uso por profissionais que trabalham em turnos ou atividades em que pequenos erros podem gerar grandes consequências.

As pressões de um contexto competitivo alimentam também um paradoxo. Sahakian conta que, embora muitos universitários tenham relatado não querer usar essas substâncias, eles também temem ficar para trás caso não façam o mesmo que seus colegas. Para o professor da Unifesp, isso reflete um problema maior. “A gente vive em uma sociedade cujo objetivo final é a produtividade. E eu não sei se as instituições vão fazer alguma coisa a respeito porque acho que, inclusive, elas são as que mais ganham. Por isso, fingem que não veem essa epidemia de uso de estimulantes”, afirma.

Segundo ele, seria preciso resgatar prioridades, valorizando a motivação intrínseca e formas consistentes de engajamento, como terapia, atividade física, sono adequado e até a espiritualidade. “Coisas que realmente engrandecem, mas que a gente acaba fugindo e preferindo atalhos que não são sustentáveis a médio e longo prazo”, diz Fabiano Moulin.

Essa lógica se conecta a uma reflexão mais ampla sobre a cultura contemporânea da performance. Zoldan lembra o conceito de “sociedade do cansaço”, do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, para explicar como a autocobrança permanente se tornou marca do nosso tempo. “Nesse cenário, as smart drugs aparecem como uma falsa solução para prolongar a energia e atender a essa autossuficiência imposta pela cultura do desempenho”, diz o psiquiatra. O risco, segundo ele, é aprofundar o problema em vez de aliviar.

Muitos casos de abuso podem inclusive ser confundidos com burnout, já que os sintomas — esgotamento, ansiedade, insônia e queda de rendimento — se sobrepõem. “O que está por trás, muitas vezes, não é só a pressão do ambiente, mas o abuso de medicamentos usados como atalhos para lidar com essa pressão. Isso gera uma deterioração silenciosa da saúde mental, que pode demorar a ser identificada e tratada corretamente”, alerta o médico do Einstein.

Desigualdade e regulação

O futuro desse debate depende da produção de evidências científicas mais consistentes. “Se for comprovado que essas substâncias são seguras e eficazes a longo prazo, seria muito melhor que uma pessoa saudável consultasse um médico para verificar se não há contraindicação e, então, pudesse adquiri-las em uma farmácia. Seria mais seguro do que comprar pela internet ou pedir a um amigo com TDAH para repassar seus medicamentos prescritos”, ressalta a pesquisadora de Cambridge.

Um dos pontos centrais é a dificuldade em traçar a linha entre restauração e aprimoramento cognitivo — questão que se desdobra na regulação. O desempenho mental atinge o auge na faixa etária dos 20 aos 30 anos e, a partir daí, tende a declinar. Nesse contexto, o uso de medicamentos pode ser interpretado tanto como a recuperação de uma função perdida quanto como um ganho artificial. A mesma ambiguidade aparece em situações como jet lag ou trabalho em turnos noturnos.

A classificação, nesse caso, varia conforme o contexto clínico e as normas regulatórias de cada país. Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) já aprovou o uso da modafinila para tratar o Transtorno do Sono no Trabalho em Turnos, depois de demonstrado que a droga reduz acidentes e quase acidentes em profissionais expostos. No Reino Unido, por outro lado, não existe essa indicação formal. “Essa situação demonstra a dificuldade, em algumas circunstâncias, de determinar o que é restauração da função cognitiva e o que é aprimoramento”, completa Sahakian.

Enquanto essas discussões não avançam, a ausência de regras específicas favorece desigualdades: quem tem recursos consegue acesso; quem não tem, fica para trás. Diante dessa contradição, especialistas concordam que os métodos já conhecidos para fortalecer o cérebro continuam sendo as alternativas mais seguras.

Sono adequado, exercício físico, alimentação equilibrada e estratégias de manejo do estresse não apenas favorecem o desempenho cognitivo, mas também protegem a saúde no longo prazo. “Se quisermos realmente melhorar a performance, precisamos priorizar hábitos que sustentem o cérebro em vez de depender de atalhos que podem custar caro para a saúde”, conclui Luiz Zoldan.

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