Ao lançar o 3º leilão do EcoInvest Brasil, ministra diz que o país vive uma virada ecológica e propõe novo modelo de prosperidade baseado na bioeconomia e na inovação Investimentos, CNN Brasil Money, EcoInvestBrasil, Marina Silva, Sustentabilidade CNN Brasil
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou nesta quarta-feira (8) que o EcoInvest Brasil marca a consolidação de um novo ecossistema de investimentos sustentáveis, ao unir o setor público, o setor privado e a sociedade civil em torno de uma mesma estratégia: transformar o meio ambiente em ativo econômico.
Durante o lançamento do terceiro leilão do programa, focado em equity, Marina destacou que o país vive “um momento de virada”, em que a política ambiental deixa de ser apenas normativa e passa a ser produtiva, gerando oportunidades, emprego e inovação.
Segundo ela, o objetivo é criar uma nova mentalidade de prosperidade. “A sustentabilidade precisa virar um novo ‘ismo’. Tudo que prospera vira um ‘ismo’: capitalismo, socialismo… então eu inventei o sustentabilismo. Uns serão progressistas, outros conservadores, o que não podemos é negar o futuro. É assim que criamos um novo ecossistema para um novo símbolo de prosperidade — com democracia, respeito à diversidade, combate às desigualdades e sustentabilidade”, afirmou na ocasião.
Marina disse que o EcoInvest e o Fundo Clima fazem parte de uma estratégia de “transversalidade ambiental” no governo, permitindo que o Brasil se torne o “melhor e maior endereço para investimentos verdes” ao combinar estabilidade institucional, bioeconomia e inovação tecnológica.
“Estamos criando um novo ecossistema para negócios e, principalmente, para mentalidades”, afirmou.
A ministra também citou o TFFS (Tropical Forest Financing System), instrumento em desenvolvimento pelo governo para financiar a conservação de florestas e remunerar práticas sustentáveis.
Segundo ela, o TFFS complementa o conjunto de mecanismos criados no âmbito do Plano de Transformação Ecológica, fortalecendo a cooperação entre o Ministério do Meio Ambiente e o da Fazenda.
Papéis focados em equity
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Cerón, lembrou que o EcoInvest é resultado de uma construção iniciada há pouco mais de um ano, e que o programa vem ganhando sofisticação a cada rodada.
Segundo ele, o terceiro leilão “coroa um conjunto de iniciativas” que visam reunir instrumentos de equity e dívida, fortalecendo o ambiente de negócios para investimentos sustentáveis.
Cerón destacou que o primeiro leilão envolveu uma carteira de R$ 40 bilhões, e o segundo, voltado à recuperação de pastagens degradadas, captou R$ 30 bilhões. Ao todo, os dois editais iniciais mobilizaram US$ 8 bilhões no mercado internacional e contaram com a participação de 12 instituições financeiras públicas e privadas.
Ele afirmou que a novidade desta nova etapa é o incentivo à formação de fundos de investimento com proteção cambial, o que deve ampliar o apetite de risco do capital estrangeiro.
“Queremos que o investidor externo conte com estabilidade e previsibilidade. Esse incentivo melhora a performance e a rentabilidade dos fundos e cria condições reais para atrair mais capital de longo prazo”, disse.
O presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Ilan Goldfajn, afirmou que o EcoInvest já é um “caso de sucesso” e exemplo de inovação financeira entre países emergentes.
Segundo ele, o programa mobilizou mais de US$ 13 bilhões em investimentos e já financia projetos em áreas como energia, infraestrutura e restauração ambiental, com 1,4 milhão de hectares de terras recuperadas.
Ele afirmou ainda que o modelo do EcoInvest inspirou o FxEdge, nova plataforma global do BID lançada em Sevilha, que adota a mesma lógica de proteção e integração entre capital público e privado.
“Estamos exportando o que o Brasil está fazendo de melhor para o resto do mundo. Tudo isso aumenta a capacidade de atrair capital mais barato e estável para o país — e, por que não, para o planeta”, frisou.
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