Os pneus do carro são capazes de melhorar o consumo, o comportamento dinâmico e até mesmo o nível de ruído dentro da cabine. Tudo isso pode ser conferido na etiqueta do Inmetro que acompanha todos os pneus vendidos no Brasil desde 2015. Mas como descobrir a durabilidade do pneu antes da compra?
Segundo Roberto Falkenstein, consultor de tecnologias inovativas da Pirelli, não existe um índice geral que aponde quantos milhares de quilômetros o carro poderá rodar com um jogo de pneus. Um dos motivos é, também, que diversas variáveis influenciam no desgaste dos pneus.
No QR Cast desta semana, Falkenstein contou um caso real descoberto há alguns anos. Motoristas e taxistas brasileiros que moram perto da fronteira da Argentina descobriram que os mesmos pneus tinham durabilidade maior na Argentina do que no Brasil. O que fizeram? Passaram a comprar pneus na Argentina.
Eram pneus exportados do Brasil para a Argentina, mas que duravam até 90.000 km nas mãos dos hermanos enquanto o mesmo pneu, no carro dos brasileiros, não passava dos 60.000 km. A diferença estava exclusivamente no ambiente, e não nos pneus.
A química do asfalto
Um vilão oculto é a composição do asfalto. A “receita” da pavimentação muda de país para país e até de estado para estado. No Brasil, a pedra utilizada na mistura asfáltica tende a ser mais abrasiva.

Somado a isso, temos a temperatura. O clima tropical brasileiro faz com que o asfalto atinja temperaturas muito elevadas, o que amolece a borracha e acelera o desgaste natural por atrito. Em países de clima mais frio, a borracha trabalha em uma faixa térmica que preserva mais o material.
O fator topografia e “anda e para”
A topografia brasileira é inimiga da borracha. Enquanto cidades como Buenos Aires são majoritariamente planas, metrópoles brasileiras como São Paulo são repletas de ladeiras íngremes e valetas.
O esforço mecânico exigido do pneu para arrancar em uma subida (“sobe e breca”), somado ao trânsito intenso que obriga o motorista a acelerar e frear constantemente, consome a banda de rodagem muito mais rápido. “Aqui você arranca no farol, sobe, breca de novo. Tudo isso gasta pneu”, explica Falkenstein.
Etiqueta do Inmetro não diz tudo

Falkenstein alerta que a etiqueta do Inmetro, embora útil, não traz um índice de durabilidade (treadwear) padronizado que permita comparar a vida útil entre marcas de forma absoluta na hora da compra.
A etiqueta do Inmetro foca em três pilares:
- Eficiência energética (resistência ao rolamento);
- Segurança (frenagem no molhado);
- Ruído externo (poluição sonora).
A durabilidade acaba sendo uma variável que depende mais do “casamento” entre o pneu e o projeto do carro do que de um número na etiqueta.
A recomendação de ouro
Para garantir a melhor relação entre durabilidade e segurança, a recomendação técnica é seguir a homologação da montadora.
Pneus originais (OEM) são desenvolvidos em parceria com a fabricante do veículo, passando por testes rigorosos de suspensão e dinâmica específicos para aquele modelo. “Dificilmente uma montadora vai aprovar um pneu inseguro ou que dure pouco, pois isso afeta a imagem do carro”, conclui o especialista.

