By using this site, you agree to the Privacy Policy and Terms of Use.
Aceitar
Portal Nação®Portal Nação®Portal Nação®
Notification Mostrar mais
Font ResizerAa
  • Início
Lendo: Trump e sua fúria contra os agentes públicos: até onde?
Compartilhe
Font ResizerAa
Portal Nação®Portal Nação®
  • Notícias
  • Esporte
  • TV Nação
  • Entretenimento
  • Ciência
  • Tecnologia
  • Acesso
Search
  • Início
Siga nas redes
Portal Nação® > Noticias > outros > Trump e sua fúria contra os agentes públicos: até onde?
outros

Trump e sua fúria contra os agentes públicos: até onde?

Última atualização: 26 de fevereiro de 2025 10:10
Published 26 de fevereiro de 2025
Compartilhe
Compartilhe

O agitadíssimo primeiro mês da segunda gestão Donald Trump nos Estados Unidos pegou de surpresa até mesmo os mais avisados e confiantes nas instituições americanas – expressão fundamental do tal “país da liberdade”.

Para além de seu ódio contra imigrantes, palestinos, estudantes, políticas antissuborno, nações com interesses contrapostos – e aliados –, veio à tona um revanchismo persecutório contra agentes públicos não aderentes às suas “arrojadas” ideias, tais como abolição de políticas inclusivas e de integridade, suspensão de efeitos do FCPA, instrumentalização de ilícitos perpetrados como forma de cooptação e apoio às suas “políticas”.

Quer acompanhar os principais fatos ligados ao serviço público? Inscreva-se na newsletter Por Dentro da Máquina

Assistimos, atônitos, a ameaças explícitas, motivadas assertivamente por razões ideológicas (obsessões?), contra aqueles que não compartilham do seu olhar cínico, belicoso, limitado e preconceituoso do mundo.

Comecemos pelo desmonte de programas de inclusão e diversidade, com o fechamento dos departamentos deles incumbidos, e a colocação dos agentes respectivos em licença remunerada (quanta generosidade…).

O ato pelo qual a determinação foi veiculada[1] – juntamente com a ordem para que órgãos do governo e instituições que recebem fundos federais (inclusive universidades privadas) encerrassem seus programas DEI (diversidade, equidade e inclusão) – traz expressa referência a que tais instituições adotam “preferências perigosas, degradantes e imorais baseadas em raça e sexo sob o pretexto de diversidade, equidade e inclusão”.

E não parou por aí: advertiu claramente aos que deixassem de delatar colegas que se negassem a desconstruir tais políticas que sofreriam “consequências adversas”, e que “tentativas de disfarçar programas de diversidade utilizando linguagem imprecisa ou cifrada não serão toleradas“.

A experiência de mal gosto rendeu já reflexos desastrosos: empresas economicamente relevantes e de impacto global desativaram seus programas na área: Disney, Deloitte, Meta, Goldman Sacks, Target, Google, McDonald’s…

O estímulo ao afrouxamento de políticas e estratégias civilizatórias – que tem como precedente decisão da Suprema Corte[2] (de maioria conservadora) de 2023 que reconheceu a ilegalidade dos programas de cotas nas universidades de Harvard e da Carolina do Norte, ao argumento de que os estudantes devem ser tratados com base em suas experiências como indivíduo, não com base na raça – ganhou em contundência o que perdeu em pudor.

O fundamento repetidamente invocado é o da meritocracia – abordado detidamente no ótimo Tirania do mérito, de Michael J. Sandel, cuja leitura se recomenda fortemente.

Nesse cenário, o papel de vilões foi deferido aos agentes públicos, que, para além de haverem dedicado grande parte de suas vidas ao bem comum, tem a árdua e fundamental atribuição de fazer o Estado permanecer e funcionar, independentemente das idiossincrasias dos governos de ocasião.

O “deep state” a que se referem repetidamente Trump e seu menino de ouro Elon Musk como nefasto e ilegítimo deveria, segundo a sua enviesada visão de mundo, desaparecer.

Aqui, necessário um esclarecimento: a expressão – não imune a diversos ataques –, surgiu para designar burocratas estatais que, subvertendo a lógica de poder e seu exercício, instrumentalizariam o Estado para a satisfação e defesa de ideologia próprias.

Na distorção utilizada por Trump, porém, passa a designar toda a burocracia estatal, demonizada, tida como essencialmente corrupta e incapaz de eficientemente (e de forma compatível com a sua ideologia) desempenhar as atribuições de que legalmente incumbidas.

A atitude de desprezo, o sentimento de incômodo despertado no político por tais agentes não é propriamente uma novidade: conforme retratado no livro O quinto risco, de Michael Lewis, em seu primeiro mandato já se pode verificar verdadeiro desmonte de diversos departamentos e agências, muitos dos quais responsáveis por missões fundamentais à saúde e bem-estar da população.

Foi o que se deu, exemplificativamente, com a restrição de verbas a laboratórios nacionais – que redundou na exoneração de 6.000 funcionários; o encerramento de todas as pesquisas relacionadas a mudanças climáticas; a redução, pela metade, das verbas destinadas a proteger as redes elétricas de ataque ou desastres naturais…

Em documento de campanha publicado em março de 2023[3], Trump se propõe a “limpar” o Estado americano por meio de medidas como: no primeiro dia de mandato, restaurar o poder presidencial de demitir agentes públicos “desonestos”, competência essa a ser exercida de forma “muito agressiva”; monitorar continuamente agências de inteligência, para que não promovam campanhas de desinformação contra o povo americano; reformar departamentos e agências federais, e exonerar todos os “agentes corruptos” do aparelho de segurança e inteligência; reprimir exemplarmente agentes que tenham “vazado informações e conspirado com a mídia” para criar narrativas falsas, com apresentação de acusações criminais, quando o caso; tornar os gabinetes de inspetores gerais independentes dos departamentos a ele subordinados, de forma a evitar que se transformem em “protetores do deep state”.

Partindo da premissa de que “o governo Biden instrumentalizou o FBI e o DOJ” para perseguir conservadores, cristãos (alegadamente classificados pela primeira instituição como “terroristas domésticos”) e inimigos políticos, e que agentes do escritório de investigação teriam entrado em conluio com as redes sociais para cercear a liberdade de expressão nas eleições de 2020 (impossível não assinalar a ironia da afirmação, diante da alocação de “donos” de tais conglomerados entre a sua família, na cerimônia de posse), estabelece que a contratação de novos agentes deverá mirar “apaixonados pelos ideais da nossa república”[4].

É categórico ao afirmar que “burocratas sem rosto nunca mais poderão atingir e perseguir os conservadores, cristãos, ou inimigos políticos da esquerda”.

Nesse fantasioso mundo em que se unem perigosamente exacerbados poderes políticos, econômicos, tecnológicos e acesso à informação e dados, esses agentes, demonizados, têm que sucumbir.

Afinal de contas, que cabimento teria um presidente remunerar (como se fosse ele o dono do orçamento público) pessoas para fiscalizar seus atos, apontar eventuais erros e desvios e, em um extremo, até promover a sua responsabilização?

É a total subversão da lógica democrática, de freios e contrapesos, e da própria noção de accountability.

O fragilíssimo argumento de falta de legitimidade daqueles que, investidos na função pública não por meio do voto popular, mas por sua expertise e conhecimento das matérias técnicas por cujo manejo respondem, não pode ser levado a sério.

Um país que não conta com uma burocracia (na acepção weberiana do termo) organizada, segura e com autonomia (dentro da legalidade, por óbvio) para agir, vê-se carente de defesas efetivas contra o arbítrio, a instrumentalização, a exploração e, em última análise, a corrosão democrática e total submissão dos interesses sociais.

Sobre esse assunto vale lembrar a obra Lei e Leviatã, de Cass Sunstein e Adrian Vermeule, que analisa justamente os limites de atuação do Executivo (e suas agências/departamentos), tendo em vista a competência do Congresso e o princípio da legalidade.

A ausência de sujeição ao processo eleitoral, observam os autores, não pode ser invocada como fonte de ilegitimidade de suas ações, na medida em que o perfil técnico e especializado de seus integrantes – conjugado com o rule of law (legalidade) e o princípio da autoridade – não apenas autorizam sua legítima atuação; mais que isso: aconselham a sua atividade, fundamental para o exercício da função pública de forma eficiente, efetiva e responsável, dissociada de favoritismos, personalismos ou patrimonialismos.

Um país sem uma burocracia forte, estruturada e respeitada jamais poderá ser tido como estável, democraticamente consolidado, sujeito a mecanismos de controle e priorização da ação pública efetivos.

Encerro essas reflexões com as palavras de Sunstein e Vermeule:

Se estamos preocupados com a democracia, a liberdade ou o bem-estar geral, há muito a ser dito a favor, e não contra, o Estado Administrativo moderno. No governo contemporâneo, as agências federais e estaduais são indiscutivelmente produtos da vontade democrática (reconhecendo o papel dos grupos privados com interesses próprios). Em alguns casos, elas promovem a liberdade, pelo menos em certas modalidades desse ideal em disputa. Elas podem promover, e frequentemente promovem, o bem comum e aumentam o bem-estar humano” (2021, p. 176).


Lewis, Michael. O quinto risco. Trad. Cássio Arantes Leite. 1ª ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2019.

Sandel, Michael J. A tirania do mérito. O que aconteceu com o bem comum? Trad. Bhuvi Libanio. 8ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2023.

Sunstein, Cass R.; VERMEULE, Adrian. Lei & Leviatã. Rasgando o Estado administrativo. Tra. Nathalia Penha Cardoso de França. São Paulo, Editora Contracorrente, 2021.

[1] Disponível em https://www.whitehouse.gov/presidential-actions/2025/01/ending-radical-and-wasteful-government-dei-programs-and-preferencing/

[2] Disponível em https://static.poder360.com.br/2023/06/documento-suprema-corte-eua.pdf

[3] Disponível em https://www.congress.gov/118/meeting/house/117688/documents/HHRG-118-FD00-20240925-SD006.pdf

[4] Conforme seção 2, b, i do Ordem Executiva de 20/01/2025 disponível em https://static.poder360.com.br/2025/01/meritocracia-funcionalismo-trump-ingles.pdf.

You Might Also Like

VÍDEO: Silas Malafaia chama direita de “prostituta” e “vagabunda”

Região do DF fica sem energia nesta segunda-feira. Saiba mais

Botafogo anuncia demissão de Renato Paiva; saiba detalhes

Último capítulo de “Garota do Momento” terá reapresentação nesta segunda 

Chevrolet apresenta o Corvette ZR1X; V8 biturbo produz 1.270 cv 

Compartilhe esse artigo
Facebook Twitter Email Print
Deixe um comentário

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Siga o Portal Nação

Nas redes Sociais
FacebookLike
TwitterSiga nas redes
YoutubeSubscribe
TelegramSiga nas redes

Newsletter semanal

Assine nossa newsletter para receber nossos artigos mais recentes instantaneamente!

Notícias populares
outros

Saiba quem é o homem desaparecido há 15 anos encontrado nas ruas de SP

27 de maio de 2025
BC indicou apenas direção da próxima reunião pela alta incerteza, diz ata 
Nissan planeja reduzir participação na Renault, diz CEO ao Nikkei 
Ex-treinador da Seleção Sub-20 é preso por contrabando de cigarros 
Otávio Mesquita reage ao vídeo de Juliana Oliveira detalhando acusação de estupro: “Tenho pena dela”
- Publicidade -
Ad imageAd image
  • Avisos legais
  • Política de privacidade
  • Gerenciamento de Cookies
  • Termos e condições
  • Parceiros

Todas as últimas notícias do Portal Nação direto na sua caixa de entrada

Aqui no Portal Nação, acreditamos em criar os melhores produtos para a indústria que cruzam o melhor design de software, experiência do usuário e funcionalidade.

Nosso site armazena cookies no seu computador. Eles nos permitem lembrar de você e ajudam a personalizar sua experiência em nosso site.
Leia nossa política de privacidade para maiores infromações.

Copyright © 2023-2024 Portal Nação | Todos os Direitos Reservados

Orgulhosamente ❤️ por HubCloud © 2024. Todos os Direitos Reservados
Welcome Back!

Sign in to your account

Lost your password?