BC elevou taxa básica a 14,25% ao ano, maior nível desde 2016
Este conteúdo foi originalmente publicado em Indústria, comércio e construção criticam alta dos juros no site CNN Brasil. Macroeconomia, Abrainc, CNN Brasil Money, Confederação Nacional da Indústria (CNI), Firjan, Indústria, Taxa de juros, Taxa Selic CNN Brasil
Os setores industrial, de comércio e de construção criticam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar a taxa Selic em 1 ponto nesta quarta-feira (19).
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o aumento dos juros para 14,25% ao ano não é necessário para controlar a inflação e será prejudicial no ritmo de crescimento da economia.
Com isso, a associação destaca que houve um erro do BC em não considerar queda do dólar e do preço do petróleo em sua decisão.
“Juros mais altos significam crédito mais caro para as empresas e os consumidores. No caso das empresas, inviabilizam investimentos e dificultam o acesso a recursos de capital de giro essenciais para as necessidades do dia a dia. Com isso, as empresas crescem menos e criam menos empregos, prejudicando a população”, disse a entidade em nota.
“No caso dos consumidores, os juros altos encarecem o custo de aquisição de muitos bens, sobretudo os duráveis de maior valor, como automóveis e eletrodomésticos, por exemplo, que costumam depender de financiamento”.
Com a mesma abordagem, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) destaca que o aumento dos juros “torna o cenário ainda mais desafiador para setores estratégicos da economia, como a indústria, cuja produção segue 16% abaixo de sua máxima histórica”.
Diante disso, elevar a Selic não deve ser o único caminho para conter o avanço inflacionário.
“É imprescindível que haja uma agenda pública comprometida em reduzir as vulnerabilidades internas. Nesse sentido, a implementação de uma reforma das contas públicas, que seja crível e focada na otimização dos gastos, é essencial para evitar pressões cambiais e garantir a atuação mais eficiente do Estado na economia”, pontuou a Firjan.
Já a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) afirmou reconhecer o cenário atual de incerteza em relação à trajetória da dívida pública, mas reforça o descontentamento da decisão do BC, uma vez que, em sua avaliação, intensifica os desafios enfrentados pela economia brasileira.
“A ABRAINC entende, porém, que a medida tem sido necessária para reduzir a pressão inflacionária, mas, reforça que o governo precisa construir um caminho estrutural para que a taxa Selic seja reduzida de forma perene nos próximos anos. Para isso, é muito importante que haja responsabilidade fiscal e maior controle do gasto público”, avaliou.
Por fim, na avaliação da Associação Paulista de Supermercados (Apas), o Copom deveria ter tido uma postura mais parcimoniosa e não prejudicar a produção, o consumo e os investimentos domésticos.
“O Brasil já possui uma das maiores taxas reais de juros do mundo, e com a recente calibragem da Selic, torna ainda mais difícil fomentar o nível de investimento necessário para o país se manter competitivo internacionalmente neste cenário de neoprotecionismo. Além disso, os efeitos sobre os empregos e sobre o consumo das famílias são deletérios”, pontuou Felipe Queiroz, economista-chefe da Apas.
Em relação à inflação doméstica, a entidade entende que “o controle inflacionário na atual conjuntura tende a ser mais eficiente com a adoção de um conjunto de medidas econômicas e não apenas a calibragem da taxa de juros”.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Indústria, comércio e construção criticam alta dos juros no site CNN Brasil.