Professor Vitelio Brustolin avalia impactos do embate entre os dois países e discute possíveis vencedores após 12 dias de tensão no Oriente Médio Internacional, -transcricao-de-videos-, Guerra de Israel, Irã, Israel, Oriente Médio CNN Brasil
O conflito de 12 dias entre Israel e Irã chegou a um aparente desfecho, com ambos os lados declarando vitória. O professor de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador de Harvard, Vitelio Brustolin, analisou os resultados desse embate em entrevista ao CNN Novo Dia desta quarta-feira (25).
Segundo Brustolin, o objetivo declarado de Israel era destruir a infraestrutura nuclear do Irã, enquanto o país persa buscava manter seu programa nuclear e a estabilidade do governo. Os Estados Unidos entraram ofensivamente no conflito, bombardeando as três maiores instalações nucleares iranianas: Fordow, Isfahan e Natanz.
Avanços e incertezas
O especialista destaca que o programa nuclear iraniano foi atrasado, mas a extensão desse atraso ainda é incerta. “Nós não sabemos onde estão os 408 quilos de urânio enriquecido a 60% do Irã”, afirma Brustolin, ressaltando que esse nível de enriquecimento está muito acima do necessário para fins civis.
Israel também alvejou os sistemas de mísseis e defesa antiaérea do Irã, o que pode ser considerado uma vitória parcial. No entanto, Brustolin pondera que se o programa nuclear iraniano foi atrasado apenas por alguns meses, o custo-benefício da operação seria questionável.
Cessar-fogo frágil
O professor avalia o cessar-fogo como frágil, comparando-o a acordos similares entre Israel e grupos como o Hezbollah e o Hamas, violados no passado. Ele prevê que, caso os relatórios de inteligência indiquem um atraso menor no programa nuclear iraniano, Israel pode retomar operações de sabotagem em breve.
“Provavelmente nós não veremos um ataque direto se houver novas operações. Nós veremos algo mais nas sombras, mais camuflado, de sabotagem, ações de inteligência militar, alvejando alvos muito específicos”, projeta Brustolin.
O especialista conclui que, apesar da trégua momentânea, não há perspectiva de um tratado de paz permanente entre Israel e Irã no horizonte próximo. A situação permanece tensa, e o equilíbrio de poder na região continua instável.