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A ingrata tarefa de defender a mídia brasileira

Última atualização: 25 de julho de 2025 05:00
Published 25 de julho de 2025
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Sou professor de comunicação política e tenho sempre a ingrata tarefa de defender a mídia brasileira. Como sabemos, o principal elemento de consenso entre esquerda e extrema direita é exatamente o fato da imprensa distorcer a realidade em favor do outro lado. Explico que o jornalismo profissional se legitimou nas democracias liberais ao assumir a defesa do público em relação ao Estado.

A postura da imprensa de ser frequentemente adversarial ao campo político não é sem razão, ela seria o cão de guarda da população, que alarma quando há desvios, mal feitos ou interesses escusos. É bom para a democracia que a mídia não seja amável aos políticos, como já dizia Michael Schudson.

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Acrescento que a recente degradação da esfera pública pelas plataformas digitais aconteceu pelo deslocamento da imprensa profissional do centro do debate. Esse espaço foi substituído por influencers pouco qualificados e pela desinformação em aplicativos como WhatsApp e Telegram. Nossa democracia precisa, de fato, de uma imprensa livre e atuante para nos auxiliar na tradução da realidade, baseada em princípios de objetividade e busca da verdade. Se é ruim com a imprensa, é claramente muito pior sem ela.

No recente embate entre Legislativo e Executivo após a derrubada do IOF, a tarefa de defesa da imprensa se tornou hercúlea e ingrata. O governo federal, até então derrotado nas redes, achou um discurso e o usou de forma organizada. O argumento é que o governo quer realizar justiça tributária, diminuindo o imposto para as classes mais carentes e aumentando para os super-ricos, bets e bancos. Com a marca da taxação BBB (bilionários, bancos e bets), a comunicação estratégica usou memes e linguagem simples para chegar à população.

Paralelamente, influenciadores e perfis de esquerda começaram a compartilhar vídeos criados por inteligência artificial com críticas mais duras ao Congresso, emplacando trend topics e hashtags de “Congresso inimigo do povo” e “Congresso da mamata”.

O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), tornou-se um dos principais alvos da ação com inúmeros vídeos baseados em deep fake se passando pelo parlamentar e encarnando uma satírica versão “Hugo nem se importa”, no qual o personagem está em jantares com ricos e prometendo que não haverá taxações sobre os super-ricos. Em suma, memes no formato de vídeos criados por IA.

Pois eis que jornalistas de grandes veículos como Estadão, Folha, O Globo e TV Globo sentiram que se tratava de um absurdo, da repetida estratégia do “nós contra eles” que aumentaria a polarização e seria um “ataque democrático” [sic] contra o Congresso. Diante da clara ameaça dos memes, os jornais exibiram editoriais duros e o Jornal Nacional dedicou vários minutos em defesa do Congresso e da democracia.

Como diria outro sábio meme: “Oh, really?!”. Aqui, a minha tarefa se torna ingrata. Como poder argumentar que o jornalismo não sofre uma influência tão direta do poder econômico e nem há conchavos para fazer posicionamentos alinhados em conjunto como alguns pensamentos conspiratórios dizem?

Como poder dizer que a mídia não é completamente aliada a setores conservadores? Como poder manter a minha tese de que boa parte de nossa imprensa e especialmente de nossos jornalistas têm posições progressistas em boa parte das questões que dividem nosso país?

Esta tarefa foi ingrata porque tivemos um episódio de mau jornalismo. As matérias falharam com princípios do jornalismo por não serem objetivas e não darem espaço ao contraditório, sem investigar se houve, realmente, qualquer orquestração gerida pelo governo federal.

Pior, houve pouco espaço para interpretação sobre o fenômeno em si. A pergunta que a grande imprensa se recusou a fazer é central: a reação do Legislativo foi razoável? Trata-se da aprovação de um PDL para sustar um ato do Executivo, o que pode ser interpretado como uma manobra agressiva e constitucionalmente questionável, tanto que foi raríssima em nossa história recente.

A mídia também ignorou a complexidade do ajuste de contas do Estado. A Câmara demanda austeridade, enquanto aprova pautas que aumentam os gastos, não aceita a diminuição de emendas e derruba o aumento do IOF, ao mesmo tempo que vota pelo aumento do número de deputados, uma medida impopular e de grande impacto fiscal. O Judiciário, por sua vez, aparece como paladino para moralizar as emendas, mas não se move para moralizar os supersalários de juízes e desembargadores.

A cobertura ainda foi ruim porque apresentou uma interpretação falha do fenômeno, confundindo crítica com ataque. Criticar o Congresso, pressionar por pautas e usar ferramentas de comunicação, ainda que novas e controversas como a IA, para mobilizar a opinião pública são táticas que se inserem no jogo democrático. Isso é fundamentalmente diferente de uma narrativa anti-institucional que prega a ruptura e cultiva o ódio às instituições, como vimos no 8 de janeiro de 2023.

Assim, ao fazer escarcéu sobre um acontecimento episódico e passível de discussão, a imprensa abriu completamente seu flanco para críticas e ataques que passaram a fazer comparações com a inação em outros momentos. Com alguma razão, essas pessoas questionam: “onde estava a cobertura apocalíptica quando o próprio presidente da Câmara ameaçou paralisar o país para frear fiscalizações do Judiciário?”, “onde estava a indignação generalizada quando deputados extremistas divulgaram mentiras em relação ao Pix, à taxação de importações e outras políticas públicas?”.

Ao abdicar de seus princípios mais básicos de ouvir os dois lados, investigar os fatos, diferenciar crítica de golpismo e manter proporção na cobertura, a imprensa oferece a seus detratores, de todos os espectros ideológicos, a munição que eles tanto desejam. Ela mesma valida a percepção de que é um ator político com interesses próprios, alinhado a uma elite econômica e política, e não o cão de guarda da sociedade. Nesse episódio, a mídia trabalhou ativamente contra sua própria legitimidade, tornando o debate público mais pobre, e a democracia, contraditoriamente, mais frágil.

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