Por um período, a doença renal crônica (DRC) foi considerada uma “ameaça silenciosa” para a saúde. Hoje, diria que essa ameaça é clara e escancarada para a saúde pública, uma crise concreta que precisamos enfrentar o quanto antes para evitar que mais pessoas morram por um problema altamente tratável.
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O cenário assusta: mais de 150 mil brasileiros dependem de diálise para sobreviver¹, em meio a uma rede fragilizada por falta de recursos, vagas nas clínicas e limitações estruturais; outros aguardam na fila de transplante renal, muitas vezes por anos, enquanto perdem qualidade de vida e pioram a situação de saúde. Esse retrato reflete o panorama de um sistema que precisa buscar novas soluções para frear o sofrimento humano de pacientes, familiares e amigos, além de gerir o problema de forma mais sustentável.
O diabetes é uma das principais condições que contribuem para o aumento da DRC no Brasil, sendo uma das doenças crônicas que mais crescem. Atualmente, 16,8 milhões de brasileiros vivem com diabetes, e a previsão é que esse número alcance 23,2 milhões até 2045². Entre eles, até 40% poderão desenvolver DRC ao longo da vida³. Cada novo diagnóstico de diabetes mal controlado pode significar, no futuro, mais um paciente em diálise ou em busca de um rim para transplante.
Nesse contexto, discutir alternativas terapêuticas capazes de retardar a progressão da DRC é mais do que uma necessidade clínica – é uma urgência social e econômica. A questão vem sendo debatida há anos por sociedades médicas, gestores de saúde pública, indústria e outros agentes do setor. Felizmente, já surgem possibilidades de novos caminhos sendo desenhadas – não para o futuro, mas para o presente.
Em um dos principais congressos de saúde do mundo, o Congresso Europeu de Cardiologia, pesquisadores apresentaram novos estudos sobre o uso da finerenona com empagliflozina em pacientes com DRC associada ao diabetes tipo 2. Os dados mostram uma redução adicional de 29% a 32% na progressão da doença em comparação com cada droga isolada4. Em termos práticos, isso significa adiar ou até evitar a entrada em terapias de alto impacto, como a diálise, e aliviar a pressão sobre o sistema público de saúde.
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Mas, para que isso se torne realidade no Brasil, é necessária a participação ativa da sociedade. A Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) abriu a consulta pública (go.bayer.com/xt9es) para avaliar a percepção do público sobre a possível incorporação da finerenona no SUS. Trata-se de um processo democrático que permite a médicos, pacientes, associações e cidadãos participar da construção de uma política pública que pode transformar a vida de milhões de pessoas.
Cada contribuição fortalece o processo decisório, trazendo novas perspectivas, opiniões e estratégias de sustentabilidade para o SUS. O impacto potencial dessa decisão vai muito além da incorporação de um medicamento e pode representar uma mudança estrutural na forma como o Brasil lida com a DRC, deslocando o foco do tratamento das complicações para a prevenção e o controle precoce.
Enquanto clínicas de diálise lutam para manter suas portas abertas, a sociedade tem diante de si a oportunidade de discutir soluções que podem reduzir o número de pacientes que chegam a esse estágio. Essa é uma chance de trazer mais esperança para os pacientes e mais sustentabilidade e modernização para o sistema público. O futuro da saúde renal no Brasil está em discussão agora. Acesse o site da Conitec (go.bayer.com/xt9es) e faça sua contribuição até o dia 11 de novembro.
Referências:
1. NERBASS, Fabiana B. Censo Brasileiro de Diálise 2023. Brazilian Journal of Nephrology, v. 47, n.1, 2025. Disponível em: https://www.bjnephrology.org/article/censo-brasileiro-de-dialise-2023/. Acesso em: 24 set. 2025.
INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION. IDF Diabetes Atlas. 10. ed. 2021. Disponível em: https://diabetesatlas.org/. Acesso em: 24 set. 2025.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2024-2025. São Paulo: Clannad, 2024. Disponível em: https://diretriz.diabetes.org.br/. Acesso em: 24 set. 2025.
GARWAL, Rajiv; et al. Finerenona com empagliflozina em doença renal crônica associada ao diabetes tipo 2. New England Journal of Medicine, v. 393, n. 6, p. 533-543, 2025. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2410659. Acesso em: 24 set. 2025.

