Espert era o principal candidato do partido governista pela província de Buenos Aires nas eleições legislativas de 26 de outubro Internacional, Argentina CNN Brasil
O principal candidato a deputado de Javier Milei pela província de Buenos Aires, José Luis Espert, anunciou neste domingo (5) que desistiu da corrida eleitoral, após admitir ligações com um empresário preso sob acusação de tráfico de drogas que pode ser extraditado para os Estados Unidos.
“Coloquei à disposição minha desistência da candidatura a deputado nacional pela província de Buenos Aires e o presidente Javier Milei decidiu aceitá-la”, escreveu o então candidato pela sigla governista A Liberdade Avança, na rede social X.
A renúncia ocorre três semanas antes das eleições que renovarão a metade da Câmara de deputados e um terço do Senado, marcadas para 26 de outubro.
A eleição é chave para Milei, que tem sofrido sucessivas derrotas no Congresso.
Na publicação, o aliado de Milei afirmou que as denúncias contra ele são “uma operação claramente orquestrada” e afirma que demonstrará sua inocência perante a Justiça, sem foro privilegiado.
Ex-candidato a presidente, Espert é atualmente deputado, com mandato até 10 de dezembro. Ele afirma que as acusações são “uma grande mentira para sujar o processo eleitoral”.
Em vídeo publicado na última quinta (2), o então candidato admitiu ter recebido US$ 200 mil de uma empresa “ligada” ao argentino Federico Machado, empresário em prisão domiciliar por acusações de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
“Machado me disse que uma empresa mineira ligada a ele precisava dos meus serviços como economista (…) Não se tratou de um pagamento do senhor Machado, mas sim de uma empresa que solicitava meus serviços profissionais”, afirmou o candidato.
A explicação foi dada em um vídeo, após pressão inclusive de integrantes do governo Milei, como a ministra da Segurança Patricia Bullrich, para que Espert esclarecesse a situação, denunciada na justiça pelo candidato a deputado pelo peronismo, Juan Grabois.
“Nunca imaginei que algo assim poderia acontecer comigo na vida, não tinha ideia, e nunca tive dessas supostas atividades ilícitas do senhor Machado, que se tornaram públicas muito depois de concluir nossa relação contratual”, explicou.
Na gravação, o aliado de Milei afirma que os pagamentos foram derivados de atividade particular, que não recebeu fundos não justificados ou de origem ilícita.
“Posso ter sido ingênuo, mas delinquente jamais”, garantiu.
Espert também admitiu ter voado diversas vezes em aeronaves do empresário.
Milei, que até este domingo, mantinha seu apoio ao aliado, escreveu após a desistência de Espert que a mudança que seu governo leva adiante é a única coisa que importa”. “Não vamos permitir que uma operação maliciosa coloque isso em risco”, escreveu.
“Isso é uma causa a serviço de mudar o país. A Argentina sempre está acima das pessoas. Garantir a mudança é mais importante que qualquer um de nós”, adicionou.
Um estudo realizado pela consultoria Zuban Córdoba entre 28 de setembro e 4 de outubro e publicado antes da desistência de Espert indicou que o então candidato tem 71,4% de imagem negativa entre os argentinos e que mais de 62,9% acreditam que ele não deveria manter a candidatura.
A pesquisa também indicou que 63,7% não confiam na sua inocência e 76,3% consideram que o episódio terá um impacto negativo sobre o governo de Milei.