Líder americano anunciou tarifas de 100% contra o país caso não haja um acordo de cessar-fogo na Ucrânia em 50 dias Internacional, Donald Trump, Estados Unidos, Leste Europeu, Rússia, Ucrânia, Vladimir Putin CNN Brasil
A Rússia não se importa com o “ultimato teatral” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre impor sanções aos compradores de exportações russas, a menos que Moscou concorde com um acordo de paz na Ucrânia, disse Dmitry Medvedev, ex-presidente russo, nesta terça-feira (15).
“Trump lançou um ultimato teatral ao Kremlin”, escreveu Medvedev em uma publicação em inglês no X. “O mundo estremeceu, esperando as consequências. A Europa beligerante ficou decepcionada. A Rússia não se importou.”
Trump issued a theatrical ultimatum to the Kremlin.
The world shuddered, expecting the consequences.
Belligerent Europe was disappointed.
Russia didn’t care.
— Dmitry Medvedev (@MedvedevRussiaE) July 15, 2025
Trump, sentado ao lado do secretário-geral da Otan, Mark Rutte, no Salão Oval, anunciou na segunda-feira (14) novas armas para a Ucrânia e ameaçou impor tarifas secundárias aos compradores de exportações russas, das quais o petróleo bruto representa uma grande parte.
O líder americano também expressou frustração com Vladimir Putin, dizendo que não queria chamar o líder russo de “assassino, mas ele é um cara durão”, em uma aparente referência ao ex-presidente dos EUA, Joe Biden, que chamou Putin de “assassino” em uma entrevista em 2021.
Em Moscou, as transmissões da televisão estatal destacaram o avanço das tropas russas na Ucrânia, das quais as forças russas controlam pouco menos de um quinto, e um ataque à Rússia por drones ucranianos que feriu 18 pessoas.
Reportagens da televisão estatal sobre os comentários de Trump se concentraram no tempo que os sistemas de mísseis Patriot levariam para chegar à Ucrânia e nas preocupações internas dos EUA com a escalada do conflito, passando depois a abordar uma reunião entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.
O Kommersant, um dos jornais mais respeitados da Rússia, invocou “Júlio César”, de William Shakespeare, em sua manchete de primeira página para sugerir traição: “Et tu, Trump — o principal mantenedor da paz do conflito ucraniano juntou-se ao ‘partido da guerra’”.
Trump disse à BBC que “ainda não havia desistido” de Putin e que acreditava que um acordo de paz com a Ucrânia estava em pauta.
Guerra, petróleo e paz
O líder do Kremlin afirmou repetidamente que está pronto para promover a paz — mas em seus próprios termos — e que não faz sentido sequer considerar um cessar-fogo até que os detalhes de como seria sejam definidos.
Potências europeias e autoridades ucranianas afirmam não acreditar que Putin esteja falando sério e imploraram a Trump que abandone seus esforços para restaurar as relações com o Moscou.
Em Washington, um funcionário da Casa Branca afirmou que a intenção de Trump é impor “tarifas de 100% sobre a Rússia” e sanções secundárias a outros países que comprarem petróleo da Rússia se um acordo de paz não for fechado em 50 dias.
Ao menos 85 dos 100 senadores americanos são coautores de um projeto de lei que daria a Trump a autoridade para impor tarifas de 500% a qualquer país que ajudasse a Rússia, mas os líderes republicanos da Câmara aguardavam a autorização para a votação.
China, Índia e Turquia são os maiores compradores de petróleo bruto da Rússia, o segundo maior exportador mundial, atrás somente da Arábia Saudita.
Não está claro como esses países reagiriam se enfrentassem sanções secundárias por suas compras de petróleo russo.
A Rússia exporta cerca de 5 milhões de barris de petróleo por dia.