Economista vê medida como problemática técnica e politicamente falando Macroeconomia, aumento IOF, Cenário fiscal, CNN Brasil Money, Governo Lula, marcos lisboa, Super-ricos, tributação CNN Brasil
A estratégia do governo de manter a arrecadação pela elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) é vista como “péssima” no sentido técnico por Marcos Lisboa, ex-secretário do Ministério da Fazenda e ex-presidente do Insper.
Em entrevista ao CNN Money nesta segunda-feira (14), o economista ainda citou que a abordagem adotada pela base governista após a derrubada da medida é enganosa.
“O Estado fica sem recursos para gastar e diz ‘veja bem, vamos tributar os super-ricos’. Mas quando você olha a medida na prática, isso tem muita retórica quanto tem enganação. O IOF vai onerar as pequenas e médias empresas”, afirmou Lisboa.
“O governo não fez nada e aí vem na 25ª hora dizer que tem um problema grave, que não consegue cumprir o orçamento e precisa fazer uma medida estapafúrdia como a do IOF. Eu fico surpreso com a falta de cuidado e técnica do governo”, enfatizou.
Lisboa avaliou que o governo calculou mal a rota das contas públicas, aparentemente não contando com uma crise que já era sinalizada como possível desde a aprovação do arcabouço fiscal e que estaria vindo antes do esperado.
O que surpreende o economista é a falta de ação prévia por parte do Executivo. “O governo que não governa acaba sendo a porta de entrada para essa agenda atrapalhada e que vai ser muito cara para o país nos próximos anos”, pontuou.
Crise entre poderes
O decreto do IOF foi mal recebido pelo Congresso Nacional e, mesmo após uma reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com lideranças do Legislativo, os parlamentares derrubaram a medida.
Além da questão prática sobre o governo utilizar um imposto regulatório para arrecadar, Lisboa problematiza a forma como o governo passou por cima do Congresso com o recurso.
“Arrecadação, política fiscal, em qualquer país razoável do mundo é um processo que cabe ao Congresso. O governo pode sugerir, mas aí o Congresso aprova e dá tempo para sociedade civil se adaptar”, ponderou.
O economista questiona o argumento do governo sobre emergencialidade da medida devido a insustentabilidade do orçamento sem o decreto, uma vez que o governo teria tido tempo para se preparar para a crise após o arcabouço fiscal.
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