Ofensiva de Moscou tornou a proteção dos céus uma tarefa ainda mais desafiadora para as defesas aéreas ucranianas Internacional, EUA, Guerra da Ucrânia, Kiev, Rússia, Ucrânia CNN Brasil
Centenas de drones russos voando de todas as direções atacaram Kiev na madrugada desta quinta-feira (10), em uma aparente nova tática russa.
Pelo menos duas pessoas foram mortas, incluindo uma policial de 22 anos que foi identificada pelas autoridades como Maria Dziumaha, e mais de uma dúzia ficaram feridas nos ataques, de acordo com as autoridades. Essa foi a segunda noite consecutiva de bombardeios na Ucrânia.
A Rússia tem intensificado seus ataques aéreos contra a Ucrânia nas últimas semanas, mas a última ofensiva pareceu marcar uma mudança na abordagem de Putin.
Moscou lançou 400 drones e 18 mísseis, incluindo oito balísticos e seis de cruzeiro, de acordo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
Eles voavam em altitudes diferentes e atacavam de todas as direções — com alguns dos drones inicialmente contornando a capital antes de mudarem de direção e acelerarem de volta para a cidade.
Embora Kiev já tenha sofrido ataques de várias direções, com drones russos tentando contornar as defesas aéreas da cidade, o último bombardeio foi simultâneo.
Isso tornou a proteção dos céus da capital uma tarefa ainda mais desafiadora para as defesas aéreas ucranianas.
No entanto, a Força Aérea Ucraniana afirmou ter derrubado ou desativado 382 das 415 armas aéreas lançadas pela Rússia contra o país durante a noite, incluindo todos os mísseis balísticos e de cruzeiro.
Trata-se de um sucesso impressionante, dada a escala do ataque, especialmente considerando o acesso limitado da Ucrânia a sistemas de defesa aérea.
Noites de ataques em Kiev
Muitos moradores de Kiev passaram mais uma noite sem dormir em abrigos, ouvindo os sons de explosões e drones voando sobre suas cabeças.
Nadiya Voitsehivkya, 63, disse à CNN que seu cunhado foi levado ao hospital com ferimentos sofridos quando seu apartamento foi atingido.
“Tudo lá dentro ficou completamente destruído, e (minha irmã) escapou de roupa íntima. Ela conseguiu escapar, mas o marido não; ele foi esmagado por uma laje. A ambulância o levou embora”, disse ela, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
Não sabemos para onde ir: não sei quem pode nos ajudar. Tudo lá foi queimado; não sobrou nada daquele apartamento.

Por mais aterrorizante que tenha sido a noite para os moradores de Kiev, esses enormes ataques aéreos se tornaram o novo normal para os civis ucranianos.
Na quarta-feira, a Rússia realizou seu maior ataque de drones desde o início de sua invasão em grande escala, lançando 728 drones e 13 mísseis em ataques que mataram pelo menos uma pessoa, de acordo com autoridades ucranianas.
“Isso é um claro aumento do terror pela Rússia”, disse Zelensky, acrescentando que conversaria com aliados sobre mais financiamento para drones interceptadores e defesas aéreas.
Os danos dos últimos ataques ofensivos pareceram substanciais. O Ministério da Defesa russo disse que estava mirando “empresas do complexo militar-industrial ucraniano em Kiev e infraestrutura de aeródromos militares”. Mas casas e prédios residenciais, carros, armazéns, escritórios e outros edifícios em toda a cidade foram danificados e pegaram fogo, de acordo com as autoridades municipais.
Negociações para um cessar-fogo
À medida que a Rússia intensifica a ofensiva contra cidades ucranianas, os esforços para chegar a um cessar-fogo estagnaram em grande parte.
O presidente dos EUA, Donald Trump, está cada vez mais frustrado com o líder russo, Vladimir Putin.
“Putin joga muita besteira na gente, se você quer saber a verdade”, disse Trump em uma reunião de gabinete na terça-feira. “Ele é muito gentil o tempo todo, mas acaba não tendo importância.”
Moscou minimizou as duras palavras de Trump em uma coletiva de imprensa na quarta-feira. Um porta-voz do Kremlin disse que está reagindo “com calma” às críticas de Trump a Putin. “Trump, em geral, tende a usar um estilo e expressões bastante duros”, disse Dmitry Peskov, acrescentando que Moscou espera continuar o diálogo com Washington.