Cientista política Lara Mesquita afirma que o Congresso não é responsabilizado, independentemente do que aconteça, em análise sobre relação entre poderes Política, -transcricao-de-videos-, Congresso Nacional, economia, Governo Lula, politica CNN Brasil
A cientista política e professora da FGV-EESP, Lara Mesquita, fez uma análise contundente sobre a atual dinâmica entre o governo e o Congresso Nacional. Segundo ela, o Legislativo “emparedou” o Executivo ao derrubar o aumento do IOF, demonstrando uma mudança significativa na relação entre os poderes.
Mesquita destacou que, independentemente do que aconteça, o Congresso não é responsabilizado pelas consequências de suas decisões. “No arranjo presidencialista, a gente sempre responsabiliza o presidente. Se a conta de luz subir, a responsabilidade é do Executivo, não é do Congresso”, explicou a especialista.
Divisão nos partidos de centro
A analista apontou uma mudança importante no cenário político atual: a divisão interna dos partidos de centro, tradicionalmente conhecidos como “adesistas”. Segundo Mesquita, esses partidos agora apresentam uma ala ideológica com rejeição ao governo e outra que busca benefícios ao aderir à base governista.
“Mesmo dando ministério para o PSD, para os Republicanos, para esses partidos, eles ainda estão divididos”, observou a cientista política. Essa fragmentação dificulta a formação de uma base sólida para o governo, especialmente em pautas delicadas e com potencial apelo popular.
Perspectivas para o ajuste fiscal
Mesquita também comentou sobre as expectativas em relação ao ajuste fiscal proposto pelo governo. Ela mencionou que alguns analistas políticos têm sinalizado uma perspectiva positiva, indicando que o cenário econômico pode não ser tão ruim quanto inicialmente previsto.
No entanto, a cientista política alertou que esse cenário positivo pode acender um “sinal amarelo, se não um sinal vermelho” para a oposição. “O governo Lula não pode chegar em 26 numa situação tão positiva quando a direita ainda está muito desorganizada”, ponderou Mesquita, sugerindo que isso pode influenciar as estratégias políticas e eleitorais dos grupos de oposição.
A análise de Lara Mesquita lança luz sobre os desafios enfrentados pelo governo na construção de uma base de apoio sólida no Congresso e na implementação de sua agenda política e econômica. A dinâmica complexa entre os poderes e a fragmentação dos partidos de centro continuam a moldar o cenário político brasileiro, com implicações significativas para a governabilidade e as perspectivas futuras do país.