Autoridades americanas correm para finalizar detalhes da cúpula entre os presidentes no Alasca, com questões logísticas e geopolíticas ainda pendentes a quatro dias do encontro Internacional, Donald Trump, Estados Unidos, Rússia, Ucrânia, Vladimir Putin CNN Brasil
Autoridades americanas se apressam para finalizar os detalhes antes da cúpula de sexta-feira (15) entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin no Alasca, com questões tanto logísticas quanto geopolíticas ainda não resolvidas.
Até esta segunda-feira (11), nenhum local para a cúpula havia sido anunciado. Autoridades da administração ainda estavam a caminho do Alasca — selecionados por sua centralidade em relação a Washington e Moscou — para avaliar onde, exatamente, os presidentes dos EUA e da Rússia se encontrariam.
As autoridades também trabalham para esclarecer os contornos da esperada discussão entre os dois líderes, na qual Trump espera alcançar progressos significativos para encerrar a guerra na Ucrânia.
A incerteza em torno da cúpula no início da semana ressaltou o momento extraordinário que Trump enfrenta sete meses após o início de seu segundo mandato.
Depois de assumir o cargo esperando, usar seu relacionamento com Putin para encerrar a guerra na Ucrânia, apenas para se desiludir com a duplicidade do líder russo, Trump agora embarca no maior teste até então de sua antiga crença na diplomacia face a face.
“A próxima sexta-feira será importante, porque será sobre testar Putin, quão sério ele está em trazer um fim a esta terrível”, disse o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, que construiu uma parceria próxima com Trump, no domingo na emissora americana ABC.
Possível participação de Zelensky
Trump disse a assessores em particular que qualquer tentativa de encerrar a guerra vale o esforço, mesmo que não seja bem-sucedida no final.
Ele pressionou sua equipe para organizar a reunião desta semana com extraordinária rapidez; normalmente, cúpulas de alto nível, particularmente com adversários como a Rússia, levam semanas ou meses para serem planejadas.
Uma questão é se o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky seria convidado. Ele não foi mencionado quando Trump anunciou a reunião na semana passada. A Casa Branca não descartou incluí-lo no Alasca, mas autoridades disseram que sua prioridade era organizar o encontro individual entre Trump e Putin.
“Se ele achar que esse é o melhor cenário para convidar Zelensky, então ele fará isso”, disse o embaixador dos EUA na Otan, Matthew Whitaker, a Dana Bash no programa “State of the Union” da CNN. “A reunião acontecerá na sexta-feira. Há tempo para tomar essa decisão.”
Autoridades ucranianas deixaram claro que Zelensky estava preparado para viajar ao Alasca se convidado por Trump. Mas também reconheceram que sua ida dependeria muito de como o encontro Trump-Putin se desenrolaria.
“Demonstramos que ele está pronto para estar em qualquer lugar para avançar a até a paz. Então, se necessário, o presidente Zelensky, é claro, estará presente nas reuniões. Temos sido muito abertos sobre isso, mas vamos ver como isso vai acontecer”, disse a embaixadora da Ucrânia nos EUA, Oksana Markarova, na emissora CBS.
Pressão da Europa
Outra questão era o que, precisamente, Putin colocou na mesa durante sua reunião com o enviado de Trump, Steve Witkoff, na semana passada para convencer os EUA de que era o momento certo para um encontro entre os líderes.
Embora os detalhes exatos de sua proposta permanecessem encobertos, estava claro que grandes acordos territoriais por parte dos ucranianos seriam centrais em seu plano.
Em ambas as frentes, líderes europeus têm aguardado ansiosamente mais detalhes dos Estados Unidos. Pelo que eles entendem, o plano apresentado por Putin daria a Moscou o controle de toda a região oriental de Donbas da Ucrânia, que a Rússia parcialmente ocupa.
O destino das outras duas regiões que estavam na mira de Putin, Kherson e Zaporizhzhia, permanecia incerto, assim como o status das garantias de segurança dos EUA daqui para frente.
Os assessores de Trump acreditam que é importante ter o apoio das nações europeias nos esforços de paz do presidente, e passaram grande parte do fim de semana explicando os objetivos do presidente dos EUA enquanto ouviam preocupações sobre como Putin poderia abordar a sessão.
Em uma reunião no interior da Inglaterra no sábado (9), o vice-presidente JD Vance ouviu enquanto vários conselheiros de segurança nacional das principais nações europeias estabeleceram os parâmetros que acreditavam que deveriam ser mantidos nas negociações de paz com Putin.
No topo da lista estava a importância de implementar um cessar-fogo antes que quaisquer outras ideias sejam discutidas — um mandato que Putin repetidamente rejeitou no passado.
Os europeus também pressionaram por reciprocidade em quaisquer concessões territoriais, propondo que se a Ucrânia ceder o território na região oriental de Donbas, a Rússia também deve retirar sua ocupação em outras partes da Ucrânia.
Otimismo e incertezas das nações
Talvez mais urgentemente, no entanto, os líderes disseram que a própria Ucrânia deve estar envolvida nas discussões sobre seu futuro.
Uma autoridade americana disse que a reunião, realizada na mansão do secretário de Relações Exteriores britânico, produziu “progresso significativo”. Dois funcionários europeus disseram que sentiram que o vice-presidente JD Vance foi receptivo aos seus pontos de vista e se engajou ativamente com suas ideias.
Trump, enquanto isso, passou grande parte do fim de semana ouvindo de aliados sobre a importância de incluir a Ucrânia em quaisquer discussões sobre seu futuro, mesmo enquanto parecia determinado a seguir adiante com a cúpula com Putin.
Após jogar uma partida de golfe com Trump no sábado, o senador Lindsey Graham disse que também desejava que a Ucrânia fizesse parte das negociações de paz.
“Eu realmente espero que Zelensky possa fazer parte do processo. Vou deixar isso a cargo da Casa Branca”, disse o republicano da Carolina do Sul à emissora NBC.
“Mas tenho total confiança de que o presidente vai se encontrar com Putin em uma posição de força, e que ele vai zelar pelos interesses da Europa e da Ucrânia para encerrar esta guerra de forma honrosa”, acrescentou Graham.
O chanceler alemão Friedrich Merz, que disse que planejava falar com Trump no domingo, reiterou a posição europeia de que quaisquer discussões sobre território ucraniano devem envolver a Ucrânia e a Europa.
“Esperamos e presumimos que o governo da Ucrânia, que o presidente Zelensky, será envolvido nesta reunião”, disse Merz em entrevista à emissora pública alemã ARD.
“Não podemos aceitar que questões territoriais entre Rússia e América sejam discutidas ou mesmo decididas por cima das cabeças dos europeus e ucranianos”, concluiu o chanceler alemão.
Antes de JD Vance partir para a Inglaterra e a cúpula do Alasca ser anunciada, o vice-presidente reconheceu em uma entrevista à Fox News que era improvável que qualquer lado do conflito ficasse inteiramente satisfeito com o desfecho das negociações de paz.
“Não vai deixar ninguém super feliz”, disse ele no programa “Sunday Morning Futures”. “Tanto os russos quanto os ucranianos, provavelmente, no final das contas, vão ficar insatisfeitos com isso. Mas não acho que você possa realmente sentar e ter essa negociação sem a liderança de Donald J. Trump.”