Réus do núcleo 2 na ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado prestam depoimento ao Supremo Política, -agencia-cnn-, Plano de golpe, Primeira Turma do STF, STF (Supremo Tribunal Federal) CNN Brasil
Fernando de Sousa Oliveira, delegado da PF (Polícia Federal), ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça e ex-secretário-adjunto da SSP-DF (Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal), afirmou nesta quinta-feira (24) que foi surpreendido com a viagem do ex-secretário de segurança Anderson Torres e culpou a Polícia Militar por não empregar efetivo suficiente durante os atos de 8 de janeiro de 2023.
O ex-secretário é réu no “núcleo 2” no STF (Supremo Tribunal Federal) pelo plano de tentativa de golpe de Estado. Segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), o grupo era responsável por articular ações a fim de “sustentar a permanência ilegítima” do então presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
Durante os atos de depredação das sedes dos Três Poderes, o então secretário de segurança pública do DF, Anderson Torres, estava em viagem com a família nos Estados Unidos.
“Recebi o comunicado na quinta-feira à noite [5 de janeiro de 2023] da viagem. Fui surpreendido da viagem”, contou Fernando durante o interrogatório. A sessão foi conduzida pelo juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha.
O depoente também afirmou que a Polícia Militar não cumpriu o protocolo de ação integrada previsto durante os atos. “A PM não cumpriu as ações que eram dela”, afirmou. Segundo ele, quando soube dos atos, ele foi à Esplanada dos Ministérios e viu que não estava com o efetivo planejado.
Segundo Sousa, o planejamento previa pelo menos 600 policiais para acompanhar a manifestação, no entanto, teria cerca de 200 PMs.
Questionado pelo juiz sobre o teor das conversas do grupo no WhatsApp denominado “Em off”, Fernando disse que era um grupo extra-trabalho e que ocasionalmente se tratava de assuntos relacionados à secretaria.
Ele também afirmou que não teve contato com o BI (Business Intelligence), documento elaborado por ordem de Marília Ferreira – outra denunciada no mesmo núcleo – que tinha objetivo de coletar informações sobre os locais onde Lula havia recebido mais de 75% dos votos.
Fernando de Sousa Oliveira ainda frisou que, quando era diretor de Operações do Ministério da Justiça, notou que as operações da PRF (Polícia Rodoviária Federal) aumentaram no segundo turno das eleições. Segundo o ex-diretor, ele fez parecer contra a liberação de recursos sobre as operações, mas que não era acatado pelos seus superiores, como o próprio Anderson Torres.
O depoimento de Fernando levou cerca de 3 horas. As oitivas do núcleo 2 ocorrem em ordem alfabética. Simultaneamente, a Corte ouve réus do núcleo 4 em outra sala de sessões.
Prestam depoimento ao STF do núcleo 2:
- Fernando de Sousa Oliveira, delegado da PF e ex-diretor de Operações do MJ
- Filipe Garcia Martins, ex-assessor da Presidência da República
- Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro
- Marília Ferreira de Alencar, delegada da PF e ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça
- Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência
- Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF