Ex-comandante da Marinha disse que encontro com ex-presidente discutiu uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ou “necessidades adicionais” Política, -agencia-cnn-, Alexandre de Moraes, Almir Garnier Santos, Marinha, STF (Supremo Tribunal Federal) CNN Brasil
O ex-comandante da Marinha Almir Garnier afirmou nesta terça-feira (10) que participou de uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em que foi discutida a decretação de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para questões de segurança pública. Ele negou que tenha sido discutida uma minuta para tentativa de golpe de Estado.
“Houve a apresentação de alguns tópicos de considerações que poderiam levar, talvez – não foi decidido isso naquele dia –, a decretação de uma GLO ou de necessidades adicionais visando a segurança pública”, afirmou Garnier.
A declaração aconteceu durante seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
O ex-comandante também afirmou que não foi exibido nenhum documento sobre o assunto e que havia apenas uma “apresentação na tela de um computador”.
“Quando você fala em minuta, eu penso em documento, em papel que é entregue. Eu não recebi esse tipo de documento”, complementou Garnier.
O ex-comandante da Marinha é o terceiro réu a ser interrogado pelo STF na ação que apura a trama golpista. Garnier, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), foi o único integrante das Forças Armadas a aderir ao plano de golpe.
O papel de Garnier na trama golpista foi um dos pontos de divergências nos depoimentos dos ex-comandantes do Exército Freire Gomes e da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior ao STF nas últimas semanas.
Segundo Baptista Júnior, Garnier teria colocado tropas à disposição de Bolsonaro, sinalizando apoio ao golpe. Freire Gomes, no entanto, minimizou o gesto e negou ter interpretado como conluio, apesar de declarações anteriores à Polícia Federal indicarem o contrário.
Além do ex-comandante, o STF ouve nesta semana mais sete réus na ação sobre o plano de golpe. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, foi o primeiro a depor na segunda-feira (9) e afirmou que Bolsonaro recebeu e editou o documento da chamada “minuta do golpe”.
O segundo a ser ouvido foi o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele negou que houvesse um grupo de trabalho que abordasse as urnas eletrônicas utilizadas no sistema eleitoral.
Depois de Garnier, deverão ser ouvidos os seguintes réus, nesta ordem:
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice de Bolsonaro na eleição em 2022.