Sucesso de nadadora chinesa reacende alerta sobre pressão em jovens atletas Outros Esportes, CNN Esportes, Mundial de Natação, Natação, outros esportes CNN Brasil
Vencer uma adversária de 12 anos já foi considerado algo trivial para nadadoras de elite. Mas, quando a rival é Yu Zidi, da China, o feito se torna digno de nota.
A jovem se tornou a medalhista mais nova da história do Campeonato Mundial de Natação, evento que existe há 52 anos, conquistando um bronze no revezamento e ficando em quarto lugar em três provas individuais.
Sua performance impressionou o mundo, mas também levantou questionamentos sobre os limites éticos de atletas tão jovens competirem no mais alto nível.
Para especialistas em proteção infantil, como a escritora Linda Flanagan, permitir que crianças nessa faixa etária enfrentem cargas de treino tão intensas pode trazer riscos físicos e emocionais. “Um corpo de 12 anos não é preparado para o mesmo trabalho de um atleta de 18 ou 20 anos”, disse à Reuters. “Além disso, emocionalmente, não é o ideal”.
Histórias de adolescentes brilhando nas piscinas não são novas. A dinamarquesa Inge Sorensen conquistou bronze olímpico aos 12 anos em 1936, e a britânica Sharron Davies competiu em sua primeira Olimpíada aos 13. Davies, inclusive, defende que Yu tenha vivido a experiência com entusiasmo e sem pressão.
Yu não mostrou nervosismo. Pelo contrário, bateu recordes pessoais nos 200m e 400m medley e nos 200m borboleta. Seu tempo no 400m medley, por exemplo, teria rendido o bronze nos Jogos de Paris. Apesar da intensidade, ela afirmou que a atmosfera foi “ótima” e que a medalha a motiva a continuar.
A presença de Yu, porém, pode ser a última de uma atleta de 12 anos em um Mundial. Embora o regulamento da World Aquatics estabeleça idade mínima de 14 anos, há brechas que permitem a participação de mais jovens com índices técnicos. Após o caso, a entidade sinalizou que pode rever a regra.
O Comitê Olímpico Internacional já alertou que atletas adolescentes estão mais propensos a lesões musculoesqueléticas e sobrecarga mental. A própria Yu revelou que quase abandonou o esporte aos 11 anos devido à pressão, mas foi convencida a continuar pelo técnico e pela família.
Treinadores como o australiano Rohan Taylor dizem que, embora não descartem selecionar um talento tão jovem, é preciso assegurar apoio e evitar expectativas excessivas. Especialistas lembram ainda que poucos atletas que brilham antes dos 18 anos mantêm o sucesso na vida adulta.
A três anos de Los Angeles 2028, Yu Zidi já é apontada como potencial estrela. Mas seu futuro dependerá não só do talento, mas também de como será protegida e preparada para a longa jornada no esporte.
(Reportagem adicional de Alan Baldwin em Londres, Rory Carroll em Los Angeles, Amy Tennery em Nova York e Beijing Newsroom; Edição de Ken Ferris)