Ação anterior expôs brechas no modelo utilizado desde 2018 e grupo redesenhou fluxos, segundo investigação São Paulo, -agencia-cnn-, carbono, Combustíveis, Offshore, Operação, Receita Federal CNN Brasil
O Grupo Refit, apontado pela Receita Federal como o maior devedor de impostos do país, com mais de R$ 26 bilhões em débitos e principal alvo de uma operação deflagrada nesta quinta-feira (27), reformulou completamente sua estrutura financeira após a Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto de 2025.
Segundo as informações dos órgãos de justiça e fiscalização, a reconfiguração interna permitiu que operadores que antes movimentavam cerca de R$ 500 milhões passassem a circular mais de R$ 72 bilhões entre 2024 e 2025.
Depois da paralisação das distribuidoras ligadas à Carbono Oculto, que expôs brechas no modelo utilizado desde 2018, o grupo redesenhou fluxos, substituiu intermediários e multiplicou operações por meio de empresas próprias, fundos de investimento e offshores.
A reorganização reforçou a blindagem patrimonial, dificultou rastreamento e elevou expressivamente o volume de recursos sob gestão.
Segundo a Receita, o núcleo financeiro do grupo concentrou valores em uma operadora “mãe”, que controla diversas empresas “filhas” responsáveis por distribuir recursos em camadas. Esse núcleo possui 47 contas bancárias associadas a companhias do conglomerado.
Offshores registradas em Delaware, nos Estados Unidos, foram usadas como sócias e cotistas de fundos nacionais, aproveitando o sigilo corporativo e a ausência de tributação local. Ao menos 15 dessas empresas foram mapeadas, com movimentações destinadas à compra de imóveis e participações no Brasil, que ultrapassam R$ 1 bilhão. Há ainda envios superiores a R$ 1,2 bilhão ao exterior sob contratos de mútuo conversíveis em ações, que podem retornar ao país como investimento estrangeiro.
Internamente, o esquema operava em todos os elos da cadeia de combustíveis e, entre 2020 e 2025, mais de R$ 32 bilhões em nafta, diesel e hidrocarbonetos foram importados por empresas interpostas. A ANP interditou uma refinaria ao constatar suspeita de falsa declaração de conteúdo, ausência de comprovação de refino e possíveis aditivos não autorizados que poderiam alterar características do produto.
Assim como ocorreu na Carbono Oculto, foram aproveitadas brechas nas regulamentações, como as “contas-bolsão”, que dificultam o rastreamento do fluxo de recursos. A principal financeira possuía 47 contas bancárias em seu nome, relacionadas contabilmente às empresas do grupo.
Operação Poço de Lobato
A Operação Poço de Lobato tem como alvo 190 empresas e pessoas ligadas à companhia, suspeitos de integrarem organização criminosa e de praticarem diversos crimes contra a ordem econômica e tributária, lavagem de dinheiro, dentre outras infrações, sendo um dos principais alvos o Grupo Refit, empresa do setor de combustível que teria causado um prejuízo de R$ 26 bilhões aos cofres públicos.
O Ministério Público aponta que o Refit é um dos maiores grupos empresariais do setor de combustíveis que, além de ser o maior devedor de ICMS do Estado de São Paulo, também figura como um dos maiores devedores de impostos da União.
Veja também: Grupo Refit, alvo de megaoperação, causou prejuízo de mais de R$ 26 bilhões
Segundo o MPSP, mais de 621 agentes de segurança pública cumprem 126 mandados de busca e apreensão em seis estados e no Distrito Federal: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Maranhão.
O MPSP identificou que o fluxo financeiro do grupo investigado é extremamente estruturado e sofisticado e a ocultação e blindagem patrimoniais foram perpetradas através de instrumentos do mercado financeiro, com movimentação bilionária circulando por dezenas de fundos de investimentos e instituições financeiras, com apoio e participação direta de administradoras e gestoras desses fundos.
A CNN Brasil tenta contato com a defesa do Grupo Refit.

