As tarifas de 25% impostas pelos Estados Unidos sobre veículos importados começaram a provocar medidas drásticas por parte de diversas montadoras. Audi e Jaguar Land Rover anunciaram a suspensão das exportações, enquanto a Stellantis paralisou a produção de veículos em plantas que abastecem o mercado norte-americano.
Marca do Grupo Volkswagen, a Audi informou às concessionárias que os carros que chegarem aos portos norte-americanos ficarão retidos, caso tenham desembarcado após 2 de abril, data em que as tarifas mais rígidas passaram a valer. A marca tem 37 mil unidades estocadas, segundo a Reuters, o equivalente a dois meses de vendas.

Já a Volkswagen ainda avalia os próximos passos em um país onde investiu US$ 14 bilhões recentemente — o que equivale a quase R$ 84 bilhões na cotação atual.
O mercado norte-americano corresponde a quase um quarto das vendas da Jaguar Land Rover. A empresa, que pertence ao Grupo Tata, confirmou a suspensão do envio de veículos por um mês.
Paralisação de fábricas
As medidas protecionistas de Washington também impactaram a produção da Stellantis no Canadá e no México. O conglomerado, que detém marcas como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, paralisou operações nas fábricas que abastecem os Estados Unidos e suspendeu 900 funcionários em diversas unidades.

Dos 16,03 milhões de veículos vendidos nos EUA em 2024, 46% vieram de fora do país, segundo a agência de classificação de risco Standard & Poor’s. Coreia do Sul, Japão, Canadá e Alemanha estão entre os cinco países que mais exportam para o mercado norte-americano. O líder da lista é o México, que destina 76% de sua produção de automóveis para o país vizinho, segundo a Anfavea.
A associação que representa as fabricantes que operam no Brasil projeta que o México passe a ter capacidade ociosa em suas 37 fábricas. Isso significa que o país deve abastecer de forma mais intensa o Mercosul, com quem mantém acordo de livre comércio.
“Em outras palavras, o bolso é um só. Pegando uma empresa com produção no México, nos EUA e no Brasil, se tiver que investir nos EUA, ela vai tirar investimento de onde? Vai usar a capacidade ociosa do México e deixar de fazer investimentos em outros países — e o Brasil pode ser um dos impactados”, analisou o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite, durante entrevista coletiva concedida nesta semana.