Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro cobraram ainda o avanço do pedido de impeachment do ministro; declarações foram dadas no intervalo do julgamento da trama golpista no STF Política CNN Brasil
Tão logo o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), concluiu o voto pela condenação de Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, deputados e senadores aliados do ex-presidente voltaram a cobrar a instalação de uma investigação para apurar a conduta de integrantes do poder judiciário, a chamada CPI da “Vaza Toga”.
“O golpe no Brasil de fato foi dado, mas foi dado pelo STF; iniciado com o inquérito das fake news. Uma corte a pretexto de defender a Constituição, todos os dias ataca, agride, rasga e desconsidera a própria Constituição. Falo como líder do Novo e como vítima dos abusos de autoridades”, disse o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS).
O senador Rogério Marinho (PL-RN) afirmou que, no caso do julgamento da trama golpista, pessoas estão sendo condenadas sem direito a ampla defesa. “O que não estão percebendo é que estão destruindo vidas, reputações, abrindo mão do que todo juiz deve ter: discernimento e ter sobretudo a imparcialidade”.
Filho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chamou de “farsa” o julgamento de Bolsonaro no STF. Ele criticou a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e afirmou que o ministro cometeu “fraude processual” durante sua gestão no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Ele citou relatos e documentos apresentados a senadores por Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Moraes na Corte Eleitoral.
Segundo o senador, uma perícia feita na documentação, realizada por Reginaldo Tirotti e Jacqueline Tirotti, comprovaria que o embasamento de uma decisão do ministro teria sido feito de forma retroativa, seis dias após a determinação de uma operação contra empresários.
“Moraes cometeu fraude processual e outros crimes que nós também vamos trazer à tona após uma perícia oficial, mesmo que isso não seja necessário”, completou.
Tagliaferro apresentou à Comissão de Segurança Pública do Senado na semana passada registros relacionados ao caso dos empresários bolsonaristas que discutiram golpe de Estado em grupo no WhatsApp.
A operação da PF (Polícia Federal) contra um grupo de empresários mirou nomes como o de Luciano Hang, da rede de lojas Havan; e Afrânio Barreira Filho, do restaurante Coco Bambu.
Apesar da operação ter ocorrido em 23 de agosto de 2022, os materiais técnicos que o embasaram teriam sido produzidos pelo então assessor entre 26 e 29 de agosto.
O ex-assessor afirma ter sido procurado por Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes, para que fossem confeccionados documentos adulterados para justificar a operação contra os empresários.
Tagliaferro diz que criou mapas mentais e um relatório em momento posterior à ação da PF.
Em nota divulgada, o gabinete de Moraes rejeita as denúncias do ex-assessor. “Os relatórios simplesmente descreviam as postagens ilícitas realizadas nas redes sociais, de maneira objetiva, em virtude de estarem diretamente ligadas as investigações de milícias digitais”.
Impeachment
Os aliados do ex-presidente também voltaram a cobrar o andamento da proposta de impeachment do ministro Alexandre de Moraes. O senador Eduardo Girão (Novo-CE) reclamou de a demora da consultoria jurídica do Senado dar um parecer sobre o tema.
“[O pedido] tem 41 assinaturas, da maioria do Senado, para equilibrar poderes, mas [o presidente da Casa] prefere se omitir. Para o impeachment demoram uma eternidade para dar um parecer”.