Relatório da WTA e ITF aponta que 458 jogadoras foram alvo de mensagens abusivas em 2024; maioria dos ataques partiu de usuários frustrados com apostas Tênis, CNN Esportes, outros esportes, WTA CNN Brasil
A WTA (Associação das Tenistas Profissionais) e a ITF (Federação Internacional de Tênis) divulgaram um relatório inédito que detalha o volume e a natureza dos abusos e ameaças online sofridos por jogadoras de tênis durante a temporada de 2024.
O estudo, realizado com o apoio da empresa de segurança digital Threat Matrix, monitorou 1,6 milhão de postagens e comentários em redes sociais, abrangendo mais de 40 idiomas, entre janeiro e dezembro do último ano.
O relatório identificou cerca de 8 mil conteúdos abusivos publicados por mais de 4.200 contas diferentes, afetando diretamente 458 jogadoras.
A maioria das mensagens foi motivada por apostas esportivas: 40% dos casos vieram de apostadores frustrados por resultados inesperados, o que evidencia a relação direta entre o mercado de apostas e os ataques sofridos pelas atletas.
Chamou atenção também o comportamento de um pequeno grupo de usuários: 97 contas apresentaram comportamento abusivo recorrente e, juntas, responderam por 23% das mensagens ofensivas. Um único perfil foi responsável por 263 comentários nocivos ao longo da temporada.
Além disso, 56 mensagens diretas com teor ofensivo foram reportadas por jogadoras, sendo 77% delas relacionadas a apostas perdidas.
Como resposta, quinze casos considerados graves foram encaminhados a órgãos de segurança, como o FBI e outras autoridades policiais.
Ademais, informações das contas responsáveis pelas ameaças foram compartilhadas com as equipes de segurança dos torneios de tênis para proibir o acesso desses indivíduos nos locais.
As entidades também pediram uma atuação mais efetiva das redes sociais e da indústria de apostas no combate ao abuso digital.
Tenistas denunciam abusos
A tenista britânica Katie Boulter, número dois do país no ranking feminino, revelou ter recebido ameaças de morte direcionadas a ela e membros de sua família.
Em entrevista à BBC, ela contou que recebeu mensagens como “Espero que você tenha câncer”, “Velas e um caixão para toda a sua família” e “Vá para o inferno, perdi o dinheiro que minha mãe me mandou”.
“Eu só fico me perguntando quem é a pessoa que envia isso”, disse Boulter, ao relatar o impacto emocional das ameaças. “Não acho que seja algo que eu diria nem ao meu pior inimigo. É simplesmente horrível.”
A norte-americana Jessica Pegula, número três do mundo e integrante do Conselho de Jogadoras da WTA, afirmou que o problema exige uma resposta mais robusta.
Ela destacou que a proteção das atletas é prioridade e que esse tipo de comportamento precisa ser combatido de forma firme e coordenada.
“O abuso online é inaceitável e nenhuma jogadora deveria passar por isso. Apoio o trabalho da WTA e da ITF com a Threat Matrix, mas isso não é suficiente”, afirmou Pegula.
“É hora de a indústria de apostas e as redes sociais enfrentarem o problema na raiz e protegerem quem sofre essas ameaças”, completou.