A ex-namorada de Vinícius Neres Ribeiro (foto em destaque) passou momentos de terror após encerrar o relacionamento com o homem que ficou conhecido por ser o assassino da aluna da Universidade de Brasília (UnB) Louise Maria, em 2016. A jovem não sabia do passado do homem que conheceu sete meses atrás em uma faculdade particular na Asa Norte, mas desde o início estranhou o comportamento possessivo dele.
O Metrópoles teve acesso a trechos do processo em que ela acusa Vinícius de perseguição. No documento, a moça fala que os dois nunca namoraram de fato, que tiveram apenas um envolvimento superficial, mas ele se mostrava possessivo. Apesar de se conhecerem na faculdade, eles não tinham disciplinas juntos, mas Vinicius fazia questão de entrar na sala dela e assistir as aulas junto. Quando não entrava, esperava perto da porta.
Até mesmo quando a jovem ia ao banheiro, Neres ficava à espreita, esperando por ela. Ela deixava claro que não precisava, mas Vinícius insistia com a desculpa de segurar a bolsa da universitária.
O assassino esperava a jovem sair da aula para acompanhá-la até a Rodoviária do Plano Piloto e ela repetia que não havia necessidade. Novamente, ele insistia dizendo que “cuidaria dela”. Vinícius costumava dizer para ela que “nunca a perderia”. A estudante estranhou o comportamento dele.
Assim que soube do histórico do assassino, a estudante colocou fim à relação, o que deixou o jovem ainda mais possessivo, segundo ela relatou. Com frequência, ele aparecia na porta do trabalho dela e, quando questionado, dizia que estava apenas passando pelo local.
Certa vez, Vinícius Neres comprou um presente para a irmã mais nova da mulher, mas ela disse que não podia aceitar. O homem teve acesso de fúria, jogou a mochila no chão, andou de um lado para o outro e começou a chorar. Em um determinado momento, ele chegou a dizer que não tinha nada mais a perder.
Vinícius chegou a entrar na casa da jovem e roubar uma cópia das chaves de onde ela morava. Assustada, a vítima pediu uma medida protetiva contra ele. O assassino não voltaria ao regime fechado, mas teria de ser monitorado eletronicamente por pelo menos 90 dias. Ao receber essa notícia, Vinícius não retornou ao Centro de Progressão Penitenciária. Ele fugiu em 7 de março e ficou quatro dias foragido.
Recaptura
Vinícius foi encontrado por policiais penais perto da casa da mulher que perseguia. Ele carregava uma mochila com diversos itens suspeitos, formando um kit macabro. Entre os objetos, facas, abraçadeiras, alicate, lanterna, serras, um frasco de lubrificante íntimo, além de uma mecha de cabelo – que pertencia à vítima de perseguição.
Veja imagens:
Policiais Penais do Núcleo de Recaptura da corporação o encontraram na região do Gama e o levaram para a 20ª Delegacia de Polícia (Gama). O assassino confesso foi deixado à disposição da Justiça e pode perder o direito ao regime semiaberto, a depender de decisão do Poder Judiciário.
Veja os itens encontrados na mochila:
Feminicídio em laboratório
O feminicídio de Louise, cometido em 10 de março de 2016, chocou a comunidade acadêmica e o Distrito Federal. Ao ser preso, Vinícius confessou ter matado a colega de curso sob a justificativa de estar inconformado diante do término do relacionamento com a jovem.
Louise tinha 20 anos, quando foi dopada com clorofórmio pelo assassino, em um dos laboratórios do Instituto de Ciências Biológicas (IB) da Universidade de Brasília (UnB).
Quando a jovem desmaiou, Vinícius injetou 200 mililitros do químico na boca dela, o que provocou a morte da universitária, segundo a perícia; prendeu os pés e as mãos de Louise; despiu-a; e enrolou o corpo dela em um colchão inflável.
Posteriormente, o criminoso transportou o corpo no carro da vítima até um local próximo ao Minas Brasília Tênis Clube (MBTC), no Setor de Clubes Esportivos Norte (SCEN), e deixou o cadáver na mata, parcialmente incinerado.
Em 2017, Vinícius foi condenado a 23 anos de prisão por homicídio quadruplamente qualificado – por motivo fútil, uso de meio cruel, emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio –, além de destruição de cadáver.
No entanto, ele teve a punição atenuada por ser menor de 21 anos à época e por ter confessado espontaneamente o crime.
