Além de raro, elemento observado em pesquisa tem o dobro da largura da Via Láctea
Este conteúdo foi originalmente publicado em Astrônomos revelam maior jato de rádio já visto no início do Universo no site CNN Brasil. Tecnologia, Buraco negro, jatos cósmicos, Rádio CNN Brasil
Embora já se saiba hoje que a maioria das galáxias tem buracos negros massivos em seus centros e que esses abismos estelares eventualmente expelem jatos de matéria, isso é mais comum em nosso universo local (nas galáxias mais próximas da Terra).
Porém, quando os cientistas tentavam observar galáxias muito distantes, ou seja, aquelas que mostram como era o universo primitivo, esses fluxos de plasma eram difíceis de detectar. Pelo menos, até recentemente.
Segundo um estudo publicado na The Astrophysical Journal Letters, uma equipe de astrônomos descobriu o maior jato de rádio (feixe de partículas carregadas) já encontrado tão cedo na história do Universo.
O “jato monstruoso”, segundo o estudo, tem dois lóbulos e se estende por incríveis 200 mil anos-luz, o equivalente a duas Vias Lácteas. O seu redshift (descrito pelo estudo como próximo a cinco) o coloca a cerca de 1 bilhão de anos após o Big Bang.
A descoberta de uma estrutura tão grande em um tempo em que o universo ainda estava se formando contraria a teoria cosmológica atual, que sugere que estruturas como essa deveriam crescer gradualmente ao longo de bilhões de anos.
Como o maior jato de rádio do início do Universo foi detectado?

“Estávamos procurando quasares com jatos de rádio fortes no universo primitivo, o que nos ajuda a entender como e quando os primeiros jatos são formados e como eles impactam a evolução das galáxias”, disse a primeira autora do artigo, Anniek Gloudemans, em um comunicado.
Gloudemans é pesquisadora de pós-doutorado no NoirLab, centro de pesquisa astronômica nos EUA que opera alguns dos observatórios ópticos e infravermelhos mais avançados do mundo.
O jato foi detectado pela primeira vez por meio do Telescópio Internacional Low Frequency Array (Lofar), instalação que substituiu a antena parabólica tradicional por uma rede de milhares de pequenas antenas de rádio distribuídas pela Europa.
O Lofar é um radiotelescópio de última geração projetado para observar o universo em frequências de rádio baixas (ondas longas), entre 10 MHz e 240 MHz, que permitem estudar fenômenos cósmicos não visíveis em outras faixas do espectro eletromagnético.
Para pintar o quadro completo do jato de rádio e do quasar que o produziu, os autores utilizaram observações no infravermelho próximo do Gemini Near-Infrared Spectrograph e também no óptico do Telescópio Hobby-Eberly, ambos nos EUA.
Qual a importância da descoberta do quasar J1601+3102?

Estudar algumas propriedades como massa e taxa de consumo de matéria é essencial para entender a formação dos quasares. Esses fenômenos são manifestações visíveis da energia liberada pela interação entre o buraco negro e o material em seu redor.
Chamado de J1601+3102, esse quasar surgiu quando o universo tinha menos de 1,2 bilhão de anos. Com 450 milhões de massas solares, ele não é considerado muito grande, mas mostra que é capaz de gerar jatos poderosos.
Para os autores, a falta de grandes jatos de rádio no universo primitivo pode ser atribuída ao ruído do fundo cósmico de micro-ondas, a radiação remanescente do Big Bang. Mas, a extrema potência do J1601+3102, junto com o Lofar, permitiram sua detecção.
De qualquer forma, foi uma enorme surpresa quando o Lofar começou a mostrar estruturas de rádio detalhadas e grandes, contrariando as expectativas dos pesquisadores.
Isso mostrou que, quando operando em sinergia com outros instrumentos, o radiotelescópio é altamente eficaz na observação de objetos distantes e extremos.
Porém, algumas questões ainda permanecem em aberto sobre as condições que geraram jatos tão poderosos quanto os do J1601+3102, ou até mesmo como eles surgiram no Universo.
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