Militares israelenses fizeram ofensiva na capital catariana contra integrantes do Hamas Internacional, Catar, Faixa de Gaza, Guerra de Israel, Hamas, Israel CNN Brasil
Um importante diplomata do Catar baseado em Washington, nos Estados Unidos, afirmou que o ataque israelense contra a liderança do Hamas nesta terça-feira (9) foi “claramente planejado para minar as negociações de paz nas quais os Estados Unidos e o Catar estão colaborando estreitamente”.
Hamad Al-Muftah, vice-chefe de missão da embaixada do Catar em Washington, afirmou em um comunicado ao governo de Donald Trump e a congressistas que o ataque prejudica diretamente os esforços para chegar a um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns.
“O momento coincide com o esforço mais recente da Casa Branca e de mediadores catarianos para avançar com uma proposta para a libertação de reféns e um cessar-fogo em Gaza”, disse Al-Muftah.
“Negociadores do Hamas viajaram a Doha com esse propósito, reunindo-se ontem com o primeiro-ministro do Catar. O ataque de hoje foi claramente planejado para minar as negociações de paz nas quais os Estados Unidos e o Catar estão colaborando estreitamente”, adicionou.
Embora autoridades americanas tenham afirmado que o governo Trump foi notificado antes de Israel lançar o ataque, o Catar entende que o ataque foi conduzido “unilateralmente” pelas forças israelenses “sem consulta prévia aos Estados Unidos”.
Enquanto isso, pressiona para que o ataque seja condenado.
“Um ataque militar não provocado a um Estado soberano, um importante aliado não pertencente à Otan dos Estados Unidos, que abriga uma grande presença de forças militares e civis americanos, é inaceitável e deve ser condenado”, destacou Al-Muftah.
O governo catariano continua avaliando os danos e as vítimas, acrescentou.
Como estavam as negociações antes do ataque de Israel?
O primeiro cessar-fogo na Faixa de Gaza entrou em vigor em novembro de 2023, mas durou apenas uma semana. Nesse período, 105 reféns do Hamas foram libertados em troca de dezenas de prisioneiros palestinos.
Uma segunda pausa nos combates só foi firmada em janeiro de 2025, pouco antes do retorno do presidente Donald Trump à Casa Branca.
Em pouco mais de 8 semanas — a primeira “fase” desse cessar-fogo — o Hamas libertou 33 reféns, com Israel soltando cerca de 50 prisioneiros palestinos para cada israelense libertado.
Na segunda fase planejada, Israel deveria concordar com um cessar-fogo permanente. Entretanto, o governo de Benjamin Netanyahu retomou a ofensiva em 18 de março, atrapalhando as negociações. As autoridades israelenses alegaram que fizeram isso para pressionar o Hamas a libertar os reféns restantes.
Um terceiro acordo de cessar-fogo se mostrou ilusório desde então, apesar de Trump ter dito durante semanas que um novo entendimento estava a apenas uma ou duas semanas de “distância” — mas nunca se materializou.
Um acordo parecia próximo no final de julho, quando Steve Witkoff, enviado especial dos EUA, se encontrou com autoridades israelenses na Sardenha, Itália. Mas, após essa reunião, os americanos retiraram abruptamente os negociadores. Israel então intensificou sua ofensiva em Gaza.
Neste fim de semana, os Estados Unidos propuseram um novo acordo de cessar-fogo. Trump afirmou que Israel havia concordado com os termos e que era “hora de o Hamas também aceitar”.
Um alto funcionário do Hamas confirmou à CNN que os negociadores do grupo foram alvos de ataques em Doha nesta terça.