O Banco Central (BC) não só fez uma revisão para baixo no Produto Interno Produto (PIB) previsto para 2025, de 2,1% para 1,9% de crescimento, mas evidenciou que trabalha com uma redução significativa na atividade econômica ao longo do tempo em comparação com o que o país viveu nos últimos anos.
Embora não tenha divulgado a projeção de PIB para 2026, o novo relatório de política monetária afirma que o chamado “hiato do produto” ficará negativo e chegará a -0,8% no terceiro trimestre do ano que vem, em pleno cenário eleitoral.
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Atualmente, segundo o BC, a economia ainda está operando acima da sua capacidade, o que pressiona a inflação.
“O hiato do produto estimado para o quarto trimestre de 2024 e o primeiro trimestre de 2025 é de 0,8% e 0,6%, respectivamente. Considera-se que valores positivos para o hiato são consistentes com a pressão inflacionária observada recentemente. Entretanto, antecipa-se uma redução do hiato para valores negativos ao longo dos próximos trimestres, atingindo -0,8% no terceiro trimestre de 2026. As condições monetárias restritivas desempenham papel fundamental nesse movimento”, lê-se no documento, que elencou outros sinais de que a economia tende a perder vigor, como a redução na projeção de crescimento do crédito.
Os juros altos são a principal causa para a perda de vigor esperada na atividade econômica, admite o BC. É importante ressaltar que a medida sobre o “hiato” depende também de qual a leitura sobre a capacidade de crescimento do país, que é divergente entre os analistas. A autoridade monetária, embora não explicite o número exato, já indicou que considera o potencial do país ao redor de 2% de expansão anual. O Ministério da Fazenda trabalha com cerca de 2,5%. O mercado varia bastante, mas estaria mais ao redor de 1,5%.
Para o BC, colocar o país abaixo de sua capacidade é importante para devolver a inflação para a trajetória definida no sistema de metas, de 3% para o IPCA em 12 meses. Mas na política, uma perda tão significativa de vigor pode acabar tendo outros custos que podem complicar a vida do governo, especialmente considerando que ano que vem tem eleições.
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A leitura do BC sobre a expectativa de esfriamento da atividade ajuda a entender porque o governo também mostra que não ficará parado e tentará administrar o processo de crescimento do país, para evitar uma distância muito grande da economia de sua capacidade.
Não à toa, já acionou medidas como a liberação do FGTS, determinou que os bancos públicos entrem para valer no crédito consignado privado, está reforçando programas importantes como o Minha Casa Minha Vida, inclusive ampliando possibilidades de acesso a ele, sem esquecer da principal aposta para o ano eleitoral: a reforma do IR, que vai aumentar a renda disponível e a capacidade de consumo da classe média.