Na Alemanha, delegação brasileira celebrou progresso em temas como transição justa, adaptação e balanço global Internacional, -agencia-cnn-, Alemanha, COP30, Sustentabilidade CNN Brasil
O Brasil encerrou com otimismo sua participação na reunião intermediária de negociações climáticas da ONU, em Bonn, na Alemanha, considerada preparatória para a COP30, que será realizada em Belém, em novembro.
Segundo a presidência da COP30, os encontros resultaram em avanços concretos nos principais temas da agenda brasileira, como transição justa, adaptação às mudanças climáticas e implementação do Balanço Global do Acordo de Paris (GST, na sigla em inglês).
De acordo com a embaixadora Liliam Chagas, negociadora-chefe do Brasil, “houve acordo praticamente sobre todos os temas em Bonn — objetivo global de adaptação, transição justa e diálogo sobre o balanço global, entre muitos outros”. Ela destacou que, dos 49 itens de negociação na pauta oficial, apenas dois não alcançaram consenso – o que considera “raro no processo multilateral”.
A CEO da COP30, Ana Toni, também classificou os resultados como encorajadores. “Tivemos um ambiente colaborativo, com vontade coletiva de avançar. Isso mostra a força do multilateralismo climático”, disse Toni em coletiva à imprensa na quarta-feira (26).
Durante o encontro, a presidência brasileira apresentou a quarta carta da COP30, voltada à aceleração da implementação do Balanço Global. Segundo Ana Toni, a proposta foi bem recebida por governos, empresas, sociedade civil e povos indígenas. “A ideia de acelerar ressoou. Todos querem avançar”, afirmou.
O Balanço Global (GST) é um dos instrumentos centrais do Acordo de Paris. Ele permite avaliar o progresso coletivo dos países na redução de emissões de gases de efeito estufa e na adaptação aos impactos da crise climática. Os resultados do GST são usados para orientar o aumento de ambição das metas nacionais, conhecidas como NDCs.
Outro ponto de destaque nas negociações foi o programa de trabalho sobre transição justa — tema que busca garantir que os efeitos econômicos e sociais da descarbonização sejam enfrentados de forma equitativa. Segundo a embaixadora Chagas, o texto resultante já é considerado uma base sólida para as discussões em Belém.
A questão do financiamento climático, embora não tenha feito parte da agenda formal de deliberação, esteve no centro das atenções durante sessões paralelas. De acordo com Ana Toni, o tema será inevitável na COP30. “Discutimos os fluxos financeiros globais da ordem de US$ 1,3 trilhão. Isso não faz parte das decisões formais, mas certamente será central em novembro”, afirmou.
Também foram discutidos aspectos logísticos da conferência em Belém, como segurança, transporte e saúde. Segundo Toni, o principal desafio identificado até o momento diz respeito aos custos de hospedagem na capital paraense. A CEO da COP30 reiterou que o governo brasileiro está empenhado em apresentar soluções. “Belém é uma cidade emblemática, no coração da Amazônia, e estamos prontos para esclarecer qualquer dúvida”, disse.
A SB62, como é chamada a reunião técnica de meio de ano da UNFCCC, tem como objetivo preparar os textos que serão negociados e, eventualmente, aprovados nas conferências anuais da ONU. Ela é considerada o principal momento técnico do calendário climático antes da COP. A edição deste ano aconteceu entre os dias 3 e 26 de junho, na sede da convenção, em Bonn.
Ao final das sessões, a avaliação da equipe brasileira foi de que o país conseguiu cumprir seu objetivo de manter os principais temas em andamento e reforçar seu papel como liderança diplomática no processo multilateral. Para os próximos meses, a expectativa é de que as negociações ganhem ritmo, com os olhos voltados para Belém — onde devem ser tomadas decisões chave sobre justiça climática, financiamento e adaptação.