Santiago Peña disse que quase saiu “batendo a porta” em discussão sobre Itaipu que levou a aumento de tarifas a favor do Paraguai
Este conteúdo foi originalmente publicado em “Brasil escutou verdades”, diz presidente paraguaio sobre reunião com Lula no site CNN Brasil. Internacional, ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), crise diplomática, espionagem, Itaipu, Luiz Inácio Lula da Silva, Paraguai CNN Brasil
O presidente do Paraguai, Santiago Peña, disse nesta terça-feira (8) que nas negociações das tarifas da usina hidrelétrica binacional de Itaipu, em janeiro de 2024, o Brasil escutou “verdades” e que ele saiu “quase batendo a porta” após uma reunião que descreveu como “dura”.
O chefe de Estado paraguaio esteve em Brasília em janeiro de 2024, quando se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e discutiu a tarifa paga pelo Brasil pela energia excedente da hidrelétrica de Itaipu vendida pelo Paraguai.
Segundo ele, “foi uma reunião muito dura, na qual o Brasil escutou muitas verdades, que provavelmente nunca um presidente tinha dito”.
“Saímos desta reunião realmente quase batendo a porta. Durante a semana nós não tivemos nenhuma resposta. Muitos poderiam ter entrado em pânico, mas provavelmente se não tivéssemos feito isso, jamais teríamos aumentado a energia em benefício do Paraguai em maio. Então é preciso ser firme”, disse em entrevista à Rádio Monumental, do país vizinho.
As declarações acontecem em meio à crise diplomática entre o Brasil e o Paraguai.
Peña convocou seu embaixador em Brasília para consultas, exigiu informações detalhadas do Brasil e suspendeu as negociações do Anexo C do tratado de Itaipu após revelação do portal UOL de uma suposta espionagem da Agência Brasileira de Inteligência para obter dados sigilosos do Paraguai durante as negociações tarifárias da hidrelétrica binacional.
Em nota, o Itamaraty afirmou que a operação de inteligência foi autorizada em 2022, mas tornada sem efeito em 2023, assim que a atual administração tomou conhecimento da ação.
O Paraguai afirma, no entanto, não abordar o caso como uma iniciativa de um governo ou de outro, mas sim como uma ação de um país que consiste em uma intromissão em seus assuntos internos.
Sobre a recente crise, no entanto, Peña disse ainda não ter conversado diretamente com o presidente brasileiro.
Questionado se seu país se beneficia da suspensão da negociação do Anexo C do acordo de Itaipu, que define as bases da tarifa de energia da usina, Peña afirmou ser preciso “defender a soberania do Paraguai ao custo que for”.
Ele disse ainda haver “centenas de casos” ao longo da história de paraguaios “que se atemorizaram diante de brasileiros, argentinos e pessoas de outras nacionalidades”, mas que é preciso agir com ousadia e coragem para que o Paraguai possa se desenvolver.
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