“A Cabeça do Brasileiro, vinte anos depois: o que mudou” indica alterações na percepção da população sobre si mesma nas últimas duas décadas Política, Antropologia CNN Brasil
O Brasil mudou em 20 anos. Os brasileiros também. No diagnóstico do País, os dados sobre o crescimento econômico, letramento da população e saneamento básico ajudam a construir uma figura sobre o cenário atual. Já em relação aos cidadãos, as pesquisas são uma das principais ferramentas para identificar as transformações individuais e coletivas.
Há duas décadas, o cientista político Alberto Carlos Almeida realizou um questionário amplo, que contribuiu para moldar o imaginário do brasileiro sobre si mesmo. Vinte anos depois, ele voltou a campo e, agora, publicou o resultado do levantamento no livro “A Cabeça do Brasileiro, vinte anos depois: o que mudou“.
Um dos achados mais marcantes foi que a polarização política se cristalizou na sociedade brasileira nas últimas duas décadas.
Na primeira rodada da pesquisa, 22% dos brasileiros diziam ser de esquerda. Estavam ao centro 39%. O mesmo percentual dos que diziam ser de direita (39%). Agora, o centro perdeu 11 pontos percentuais. A esquerda ganhou sete pontos e a direita, quatro.

A pesquisa também identificou que, quando o assunto é economia, o brasileiro era e continua estatista, mas ensaiou a adoção de princípios liberais. A análise combina o resultado de uma série de perguntas em três índices diferentes.
A parcela dos entrevistados que defende que o Estado deveria ser protagonista na oferta de Bens e Serviços recuou 47% para 42%. Já os brasileiros que defendem uma economia de mercado foram de 7% para 10%. A maior parcela, entretanto, está no meio, com 48%. Um aumento de dois pontos percentuais na comparação com 2002.
Resultado parecido com o observado no questionário sobre o papel do Estado em regulamentar a atividade econômica e na abertura do mercado para importação de produtos estrangeiros.

Segundo Almeida, que participou do Programa WW desta sexta-feira (3), os dados mostram também que os brasileiros são pragmáticos: tendem preferir o setor privado ou o setor público dependendo da qualidade do serviço ofertado caso a caso.
A pesquisa ainda corroborou outras duas tendências observadas pelo censo do IBGE. Nas últimas duas décadas, o número de católicos está cada vez menor. E o Brasil se tornou um país de maioria parda, grupo que foi de 46% dos entrevistados para 57%.