O BYD King foi lançado em julho de 2024 como o híbrido plug-in ou seja recarregável mais barato do Brasil. O seu objetivo era claro: bater as vendas do rei soberano do segmento de sedãs médios: o Toyota Corolla. E ele conseguiu. Em 2024 passou as vendas do Corolla híbrido e essa foi a primeira vez que isso aconteceu desde que o Toyota foi lançado em 2019.
Só em dezembro, o King vendeu seis vezes mais que o Corolla híbrido e esse feito pode ser atribuído a promoções da BYD. Afinal a versão de entrada, GL, que apresentamos nesse teste, chegou a custar R$ 149.800 na Black Friday em novembro de 2024. E ela representou quase metade das vendas do sedã em 2024.
Tanto a versão de entrada GL quanto a topo de linha GS tem um conjunto híbrido plug-in e ambas tem em comum o motor 1.5 aspirado a gasolina de 110 cv e 13,8 kgfm acoplado a um câmbio e-CVT. Porém a versão GL tem motor elétrico de 180 cv e 32,2 kgfm, além da bateria Blade de 8,3 kWh. Com esse conjunto, o King GL tem potência combinada de 209 cv.
Já o GS recebe um motor elétrico mais potente, com 197 cv e 33,1 kgfm. A potência combinada sobe para 235 cv. E a bateria é maior com 18,3 kWh. Devido a diferença da capacidade da bateria a autonomia elétrica é menor na versão GL: são 32 km segundo o Inmetro. Já a GS pode chegar a 80 km.
Para quem vai usar o King na cidade terá uma experiência melhor se tiver como recarregar em casa, pois poderá usar a capacidade da bateria no dia e recarregar durante a noite, sem depender do motor a gasolina. Então poderá ser um desperdício de tempo se a recarga estiver fora da rotina.
Em questão de tamanho, o King é mais avantajado que o seu rival japonês. São 4,78 m de comprimento (14 cm a mais), 2,72 m de entre-eixos (2 cm a mais), 1,84 m de largura (6 cm a mais) e 1,49 m de altura (6 cm a mais). Diante de uma carroceria tão avantajada as rodas aro 17 parecem pequenas e seriam bem vindas rodas um pouco maiores, aro 18, por exemplo.
O porta-malas de 450 litros é amplo e só não tem maior capacidade porque a caixa de isopor sob a forração também protege o inversor de energia para a recarga da bateria. E o rival Corolla tem 470 litros de capacidade.
Com dois centímetros extras no entre-eixos em relação ao Corolla, o King oferece um espaço interno mais generoso. São 7 cm extras de espaço para pernas no King em relação ao Corolla segundo as nossas medições internas. E ainda 2 cm a mais de espaço para os ombros a favor do BYD propiciando que três passageiros viagem com mais conforto no banco traseiro.
26 cv de diferença na potência combinada
Devido ao fato de usar um motor elétrico menos potente, a versão GL tem 26 cv a menos que a topo de linha. Porém, na nossa pista, o desempenho não foi tão diferente. Enquanto a versão GL cravou em 7,6 segundos o 0 a 100 km/h, a GS acelerou em 8,8 segundos. Por outro lado, é no consumo que a versão mais barata leva vantagem. Ele cravou 18,9 km/l na cidade e 17,5 km/l na estrada. Em contrapartida, o King GS consome mais: 17 km/l e 16,7 km/l, respectivamente. E essa diferença pode ser atribuída a disparidade de peso, pois o King de entrada é 185 kg mais leve que o topo de linha, pois traz uma bateria no seu assoalho menor e portanto mais leve.
Nas mesmas condições, o Corolla Hybrid conseguiu 18,1 km/l na cidade e 15,7 km/l na estrada. Nesse caso é possível cravar que o BYD King GL é o sedã médio mais econômico do Brasil. O comportamento da suspensão é confortável mas privilegia a esportividade e é possível sentir uma certa rigidez dos amortecedores ao passar por asfaltos mais prejudicados e os passageiros tendem a sentir mais as imperfeições.
O sedã da BYD modula bem o uso do motor elétrico e do motor a combustão. Com a bateria carregada acima de 25% o King passará a usar mais o motor 1.5 como gerador, funcionando como um híbrido pleno – como o Corolla.
Porém se a bateria não for recarregada a intervenção do motor elétrico será cada vez menor até o motor 1.5 assumir o protagonismo e isso é um problema: pois um motor de 110 cv será responsável por tracionar um sedã de grande porte aumentando (muito) o consumo de combustível e tornando a experiência a bordo incômoda, afinal o ruído do propulsor invade mais a cabine.
A recomendação é que o dono de um King tenha um ponto de recarga em casa ou no trabalho para que possa usufruir de toda potência combinada, do excelente consumo e também da autonomia elétrica de 32 km que pode ser suficiente para um deslocamento diário.
A versão GL traz como equipamentos de série o quadro de instrumentos digital de 8,8″, volante multifuncional, carregamento sem fio para celular, bancos com revestimento semelhante ao couro, bancos traseiros bipartidos rebatíveis e ajuste elétrico do banco do motorista em seis direções.
Há ainda quatro entradas USB tipo A (duas na frente e duas para o banco de trás), ar-condicionado digital com saída para o banco traseiro, central multimídia giratória de 12,8’’, abertura sem chave (via cartão NFC), câmera 360º, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, atualização remota por OTA (over-the-air), chip com 4G para uso da internet no carro, GPS integrado e sistema de som com seis alto-falantes.
Um ponto negativo é que nem a versão de entrada e nem a topo de linha trazem sistemas de auxílio à condução, como piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência e sensor de ponto cego e essas tecnologias estão presentes no rivais como Corolla e Nissan Sentra.
No interior as únicas diferenças para a versão mais cara é o fato de ter seis alto falantes, enquanto a GS tem oito, e também a ausência de iluminação interna colorida.
Na linha 2025 o King GL custa R$ 179.900 e traz custo beneficio ao custar R$ 20.090 a menos que o Toyota Corolla Altis Hybrid Premium que custa R$ 199.990 e a partir da linha 2025 passou a ser vendido apenas nessa versão com a mecânica híbrida. Enquanto o King oferece mais espaço, potência e economia de combustível, o Corolla traz a grande vantagem de trazer tecnologias semiautônomas e ainda é o sedã médio mais vendido do Brasil, o que traz facilidade e valorização no momento da revenda.
Teste QUATRO RODAS – BYD King GL
Aceleração
0 a 100 km/h: 8,8 s
0 a 1.000 m: 30,1 s / 169,8 km/h
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 5,4 s
D 60 a 100 km/h: 6,1 s
D 80 a 120 km/h: 7,9 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 14,3/25,5/59 m
Consumo
Urbano: 18,9 km/l
Rodoviário: 17,5 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx. : – dBA
80/120 km/h: 66/70,9 dBA
Velocidade real a 100 km/h: 97 km/h
Volante: 2,7 voltas
Ficha técnica – BYD King GL
Motor: gas., diant., transv., 4 cil., 16V, 1.497 cm³, 110 cv, 13,8 kgfm. Elétrico, dianteiro. Soma de 180 cv, 32,2 kgfm
Câmbio: e-CVT, tração dianteira
Direção: elétrica progressiva com ajuste de dureza, 11,1 m (diâmetro de giro)
Bateria: Blade (LFP) 8,3 kWh; recarga a 3,3 kW; autonomia elétrica, 32 km (Inmetro)
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
Pneus: 215/55 R17
Dimensões: compr., 478 cm; larg., 184 cm; altura, 149 cm; entre-eixos, 272 cm; peso, 1.515 kg