Algumas espécies chegaram a ter sua abundância diminuída em 50%, segundo pesquisa publicada na Nature Ecology and Evolution Tecnologia, Aves, Calor extremo, COP30, Mudanças climáticas CNN Brasil
As populações de pássaros tropicais caíram cerca de um terço (entre 25% e 38%), principalmente em regiões da Amazônia e do Panamá, desde 1980, devido à intensificação do calor extremo, em comparação a um mundo sem mudanças climáticas. Algumas espécies chegaram a ter uma diminuição de 50%. Os dados são de estudo publicado na segunda-feira (11) na revista Nature Ecology and Evolution.
Segundo a pesquisa, as aves tropicais estão expostas a dez vezes mais calor extremo hoje do que há quarenta anos. O trabalho combinou dados observados com modelos para identificar os efeitos das mudanças climáticas nas populações de aves ao redor do mundo, com foco no calor e nas chuvas.
De acordo com os pesquisadores, as maiores quedas populacionais ocorreram nos trópicos, mas quase todas as regiões relataram perda de abundância populacional, com o calor extremo sendo o principal fator.
“É uma diminuição impressionante. As aves são particularmente sensíveis à desidratação e ao estresse por calor. O calor extremo causa mortalidade excessiva, redução da fertilidade, alterações nos comportamentos reprodutivos e redução da sobrevivência dos filhotes”, comentou o autor principal do estudo Maximilian Kotz, pesquisador convidado do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático (PIK), da Universidade de Queensland, na Austrália, e pesquisador do Centro de Supercomputação de Barcelona (BSC).
Segundo os pesquisadores, tem sido uma tarefa difícil diferenciar o impacto das mudanças climáticas na biodiversidade de aves das perdas causadas por ações humanas diretas, como o desmatamento. No entanto, o método utilizado pela atual pesquisa foi capaz de fazer essa distinção, o que indicou que, em regiões de latitudes mais baixas, a intensificação do calor extremo já tem um impacto maior na perda populacional das aves do que o desmatamento e a destruição do habitat dessas espécies.
“Do lado da conservação, este trabalho nos diz que, além de áreas protegidas e de interromper o desmatamento, precisamos urgentemente analisar estratégias para espécies que são mais vulneráveis a extremos de calor para maximizar seu potencial de adaptação. Isso pode significar trabalho de conservação ex situ – trabalhando com algumas populações em outros locais”, afirma Tatsuya Amano, coautor do estudo e pesquisador da Unversidade de Queensland.
Para os pesquisadores, as emissões de gases de efeito estufa são a causa principal desse cenário preocupante. “Precisamos reduzi-las o mais rápido possível”, conclui Kotz.
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