Se a substância da COP30 parece estar andando a contento, com anúncios positivos e parcerias importantes no combate à mudança do clima, as instalações foram motivo de carta virulenta encaminhada na quarta-feira (12/11) pelo Secretário Executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), Simon Stiell, à presidência da COP30 e à Casa Civil.
O documento a que o JOTA teve acesso cobra ações imediatas para garantir a segurança do evento, temperaturas toleráveis para os participantes dentro das suas instalações, assim como o bom estado dos banheiros. Ele exigiu um plano para se corrigir os problemas até o final daquele dia.
Conheça o JOTA PRO Poder, plataforma de monitoramento que oferece transparência e previsibilidade para empresas
A carta afirma que as forças de segurança e estrutura de comando estavam presentes, mas falharam diante das manifestações que deixaram um ferido na terça-feira (11/11), o segundo dia da COP30, perto das 19 horas. Segundo o documento, o ocorrido foi uma violação do quadro de segurança estabelecido e “levanta preocupações significativas em relação ao cumprimento pelo país-anfitrião no que se refere às obrigações de segurança”.
Na manhã seguinte aos episódios, pequenos atos e manifestações teriam ocorrido em frente à Blue Zone, onde aconteceram os eventos da ONU, que pediu à Polícia Federal que interviesse para dispersar os participantes. No entanto, a instituição teria afirmado, segundo Stiell, ter sido instruída pela Casa Civil a não intervir. O órgão lembra que ficou acordado que haveria uma Zona Vermelha onde não podem acontecer manifestações para que se garanta a segurança dos participantes e outra, a Zona Laranja, no entorno do local onde acontece a COP30, onde as forças de segurança devem interferir em caso de manifestantes tentarem se aproximar ou ultrapassar o limite para a Red Zone.
A carta ainda menciona temperaturas extremamente elevadas e ar-condicionado inadequado nas áreas da COP30, após receber múltiplas queixas em relação às condições de salas de reunião, escritórios, pavilhões e áreas de trabalho. E aponta que em vários locais os sistemas de ar-condicionado não funcionam ou sequer foram instalados.
A situação, diz a carta, requer “intervenção imediata” para garantir que todas as áreas estejam adequadamente ventiladas e refrigeradas, de modo para assegurar o bem estar dos delegados e pessoal. Pede que a equipe de operação brasileira apresente o mais rápido possível um plano claro de como as temperaturas sejam baixadas nas próximas 24 horas, que se completam nesta quinta-feira (13/11).
Talvez por isso mesmo seja mais visível a equipe de médicos e paramédicos presentes nos corredores do evento. Todos sabiam que as temperaturas em Belém eram altas, assim como a umidade, mas a expectativa era a de que a climatização interna do evento estaria garantida. Algumas pessoas manifestaram mal-estar provocado pelo calor, tendo recorrido a atendimento médico fora do local da COP30.
O documento ainda fala de inundação e vazamentos no local durante os episódios de chuvas tropicais, que são quase diários nesta época do ano, em diversas áreas.
Várias delegações ainda teriam manifestado à UFCCC sérias preocupações sobre as condições ruins dos escritórios oferecidos, apesar dos custos consideravelmente elevados pagos pelas partes por escritórios e pavilhões. Menciona também múltiplas reclamações sobre as condições dos banheiros, com portas danificadas, algumas das quais estiveram fechadas durante toda a tarde ontem por conta disso. Durante algumas horas do dia, desde a Cúpula dos Líderes na semana passada, não é raro faltar água nos banheiros.

