Líder de organização criminosa e a namorada deverão cumprir quase 12 anos de prisão Minas Gerais, -agencia-cnn-, Corrupção, Organização Criminosa, PM (Polícia Militar) CNN Brasil
O TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) condenou o líder de uma organização criminosa e a namorada dele pelo crime de corrupção ativa por oferecerem dinheiro a um policial militar em troca de informações privilegiadas sobre operações no estado.
O homem foi condenado a 11 anos e 11 meses de prisão. Já a namorada recebeu a sentença de 10 anos e 3 meses de prisão.
Segundo a denúncia do MPMG (Ministério Público de Minas Gerais), no mês de outubro de 2024 o casal prometeu vantagem indevida para um sargento da PMMG (Polícia Militar de Minas Gerais) e integrante do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPMG. Após receber o dinheiro, o agente deveria repassar informações e interferir em investigações sobre a organização criminosa.
A denúncia aponta que o policial integrava a equipe de confiança do Ministério Público e possuía acesso a informações privilegiadas. Segundo o MPMG “ele se aproveitou da posição de confiança para, de forma voluntária, estabelecer vínculos com a organização criminosa, liderada pelo homem conhecido como “Paraíba”, que exercia papel de liderança na organização criminosa “SALA VIP”, sediada no bairro Cabana do Pai Tomás, na região Oeste de Belo Horizonte, e que integrava ainda o alto escalão de uma facção criminosa de atuação interestadual com controle territorial no Morro da Mineira no Rio de Janeiro”.
O MP apresentou diversas provas do envolvimento do trio no esquema, como interceptações telefônicas e telemáticas que comprovam diálogos mantidos entre o sargento e a namorada do líder da organização criminosa. Nas conversas, eles negociavam a liberação de imóveis sequestrados e a suspensão de monitoramento eletrônico.
Ainda segundo a denúncia, durante diligência no Gaeco, o sargento confessou, na presença de diversos agentes públicos, inclusive um promotor de justiça e oficiais superiores da Polícia Militar, que chegou a pedir R$ 1 milhão à organização criminosa, mas que recebeu efetivamente valores estimados em R$ 30 mil.
Conforme o processo, “Paraíba” fugiu horas antes de uma operação, em julho de 2024, que era mantida em sigilo até da polícia local, gerando desconfiança na equipe.
Para o juiz Valter Guilherme Alves Costa, ficou demonstrado que os acusados ofereceram e efetivamente pagaram valores indevidos ao agente público com o propósito de assegurar a proteção contra possível prisão e de obstruir a apuração dos crimes.
“Com efeito, trata-se de típica situação de corrupção ativa, em que os acusados, em comunhão de desígnios, ofereceram e prometeram vantagem indevida a funcionário público, com vistas à prática de atos contrários aos deveres inerentes ao cargo, sendo irrelevante o fato de a iniciativa da tratativa ter partido do próprio agente corrompido”, destacou.
As penas de 11 anos e 11 meses do líder da organização criminosa, e de 10 anos e 10 meses da namorada, deverão ser cumpridas em regime fechado. O juiz negou aos acusados, que estão presos preventivamente, o direito de recorrer em liberdade.
O processo criminal referente a outros envolvidos, inclusive ao policial militar, tramita em segredo de justiça.

