Kimio Mizukami, ligada à empresa usada por Artur Gomes da Silva Neto no esquema, depõe na quarta-feira (20) São Paulo, -agencia-cnn-, Corrupção, esquema, MPSP (Ministério Público de São Paulo), propina, São Paulo (estado) CNN Brasil
A mãe do auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, Kimio Mizukami da Silva, será ouvida pelo MPSP (Ministério Público de São Paulo) na próxima quarta-feira (20), às 14h, na sede do órgão. Ela é apontada como sócia formal da Smart Tax Consultoria e Auditoria Tributária Ltda., empresa que, segundo a acusação, foi usada para lavar propinas milionárias e bilionárias provenientes de um esquema de créditos irregulares de ICMS.
Investigações da Operação Ícaro apontam que Artur, supervisor da Diretoria de Fiscalização da Sefaz-SP, liderava um esquema para conceder benefícios fiscais indevidos a grandes empresas, como Ultrafarma e Fast Shop, em troca de pagamentos disfarçados de consultoria.
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De acordo com o MPSP, a evolução patrimonial de Kimio — professora aposentada de 73 anos — é um dos pontos-chave da apuração. Sua declaração de Imposto de Renda saltou de R$ 411 mil em 2021 para R$ 46 milhões em 2022, chegando a R$ 2 bilhões em 2023, valor atribuído majoritariamente a criptomoedas adquiridas com recursos da Smart Tax.
A acusação sustenta que Artur possuía o certificado digital da Smart Tax, assinava contratos em nome da mãe e utilizava a empresa para receber propinas, enquanto intermediava e autorizava créditos fiscais vultosos. O caso envolve suspeitas de corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
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A CNN entrou em contato com a defesa de Artur Gomes da Silva Neto, mas ainda não houve retorno. O espaço segue aberto.
Relembre operação que prendeu investigados
A ação conhecida como Ícaro foi deflagrada na manhã de terça-feira (12) para desarticular um esquema de corrupção envolvendo auditores fiscais tributários da Secretaria da Fazenda do estado. A investigação identificou um grupo criminoso responsável por favorecer empresas do setor de varejo em troca de vantagens indevidas.
Na ação, o empresário Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, Mario Otávio Gomes, diretor da Fast Shop, e um auditor fiscal da Secretaria da Fazenda de São Paulo foram presos. Segundo as apurações, o esquema de corrupção teria rendido mais de R$ 1 bilhão em propina ao fiscal.
Segundo o Gedec (Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos), o esquema que fraudava o ressarcimento de créditos de ICMS começou em maio de 2021 e favoreceu empresas como Fast Shop e Ultrafarma.
Quem é quem no esquema
- Sidney Oliveira: rosto conhecido por popularizar o conceito de “remédio barato” e que está por trás da Ultrafarma, uma das maiores redes de farmácias do país.
- Mario Otávio Gomes: executivo da Fast Shop. Ele é apontado como o principal responsável dentro da empresa por negociar o contrato, por meio do qual a propina era paga a Artur Gomes da Silva Neto.
- Artur Gomes da Silva Neto: auditor fiscal. Ele é apontado como a figura central e “cérebro” do esquema. A consultoria do auditor da Receita Estadual também tinha contato com a rede de supermercados Oxxo.
Entenda a participação de Artur no caso.
- Marcelo de Almeida Gouveia: também auditor fiscal que, inicialmente foi alvo de um mandado de busca e apreensão, mas teve a prisão deferida pela Justiça após o surgimento de novas provas sobre o seu envolvimento em esquema.
- Celso Eder Gonzaga de Araújo e Tatiane da Conceição Lopes de Araújo: dupla que auxiliava nas manobras de lavagem de dinheiro e foram alvos de mandados de prisão e de busca e apreensão, após as investigações apontarem ligação entre eles e os demais envolvidos no esquema. Na casa deles foram encontrados dois sacos de esmeraldas, mais de R$ 1 milhão em espécie e milhares de dólares e euros.
*Sob supervisão de Carolina Figueiredo