Entre os 63 documentos retificados e entregues, estavam os de Vladimir Herzog, Carlos Marighella e Rubens Beyrodt Paiva, nomes emblemáticos da resistência e defesa dos direitos humanos São Paulo, -agencia-cnn-, Ditadura militar, Homenagem, São Paulo (estado), USP (Universidade de São Paulo) CNN Brasil
O governo federal entregou, nesta quarta-feira (8), em São Paulo, 63 certidões de óbito retificadas de pessoas mortas ou desaparecidas políticas durante a ditadura militar. A cerimônia foi realizada no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo).
A iniciativa do MDHC (Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania), por meio da CEMDP (Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos), integra um calendário de solenidades que seguirá até dezembro.
Segundo a pasta, entregas já foram realizadas em Minas Gerais, somando 21 certidões, durante o II Encontro Nacional de Familiares de Pessoas Mortas e Desaparecidas Políticas.
O evento contou com a presença da ministra Macaé Evaristo, conselheiros da CEMDP, familiares, estudantes e professores da USP. Em discurso, a ministra destacou o caráter histórico do ato e reforçou a importância da preservação da memória e da democracia brasileira.
“A entrega das certidões representa um direito tardio, conquistado pela luta persistente de sobreviventes e familiares. Dias como os de 1964 nunca mais podem se repetir.”, ressaltou a ministra.
Entre os homenageados estão nomes emblemáticos da resistência, como Vladimir Herzog, Carlos Marighella e Rubens Paiva, além de outras 60 vítimas reconhecidas pela CEMDP.
Veja a lista das certidões entregues:
- Alexander José Ibsen Voerões
 - Alexandre Vannucchi Leme
 - Ana Maria Nacinovic
 - Ana Rosa Kucinski Silva
 - André Grabois
 - Ângelo Arroyo
 - Antônio Benetazzo
 - Antônio dos Três Reis de Oliveira
 - Antônio Guilherme Ribeiro Ribas
 - Antônio Raymundo de Lucena
 - Aurora Maria Nascimento Furtado
 - Aylton Adalberto Mortati
 - Carlos Marighella
 - Carlos Roberto Zanirato
 - Catarina Helena Abi-Eçab
 - Devanir José de Carvalho
 - Eduardo Collen Leite
 - Eremias Delizoicov
 - Feliciano Eugênio Neto
 - Flavio Carvalho Molina
 - Francisco Emanuel Penteado
 - Francisco Seiko Okama
 - Frederico Eduardo Mayr
 - Grenaldo de Jesus Silva
 - Helenira Resende de Souza Nazareth
 - Heleny Ferreira Telles Guariba
 - Hirohaki Torigoe
 - Iara Iavelberg
 - Issami Nakamura Okano
 - Izis Dias de Oliveira
 - Jaime Petit da Silva
 - João Antônio Santos Abi-Eçab
 - João Carlos Cavalcanti Reis
 - João Domingos da Silva
 - Joaquim Câmara Ferreira
 - José Maria Ferreira de Araújo
 - José Maximino de Andrade Netto
 - José Wilson Lessa Sabbag
 - Lauriberto José Reyes
 - Lúcio Petit da Silva
 - Luisa Augusta Garlippe
 - Luiz Eduardo da Rocha Merlino
 - Luiz Eurico Tejera Lisbôa
 - Luiz Fogaça Balboni
 - Manoel José Nurchis
 - Marco Antônio Dias Baptista
 - Maria Augusta Thomaz
 - Maria Lúcia Petit da Silva
 - Miguel Pereira dos Santos
 - Nestor Vera
 - Norberto Nehring
 - Onofre Pinto
 - Pedro Ventura Felipe de Araújo Poma
 - Ronaldo Mouth Queiroz
 - Rubens Beyrodt Paiva
 - Rui Osvaldo Aguiar Pfützenreuter
 - Ruy Carlos Vieira Berbert
 - Santo Dias da Silva
 - Sônia Maria de Moraes Angel Jones
 - Virgílio Gomes da Silva
 - Vladimir Herzog
 - Walter de Souza Ribeiro
 - Wilson Silva
 
O ato na USP teve caráter simbólico, já que 47 das 434 vítimas reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade integravam a universidade. Familiares e autoridades reforçaram a importância da memória e da denúncia das violações cometidas durante o regime militar.
Vera Paiva, filha de Rubens Paiva, e Maria Marighella, neta de Carlos Marighella, destacaram a necessidade de manter viva a lembrança da resistência. Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, afirmou que a retificação das certidões encerra oficialmente as versões forjadas pelo regime militar.
Veja também: quem foi Rubens Paiva, ex-deputado tema de filme e morto na ditadura
O evento reuniu ainda políticos, advogados, representantes de movimentos sociais e instituições de memória, como Eduardo Suplicy, Paulo Vannuchi, Rose Nogueire e Gustavo Fiscarelli.
A primeira entrega de certidões retificadas ocorreu em agosto, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, marcando o início de um processo que busca reparar oficialmente o sofrimento de famílias vítimas do autoritarismo militar brasileiro.
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