Diretor-executivo alegou que instituição não consegue aderir a princípios humanitários Internacional, Ajuda humanitária, Conflito Oriente Médio, Estados Unidos, Faixa de Gaza, Gaza, Israel, ONU CNN Brasil
O chefe da Fundação Humanitária de Gaza, Jake Wood, apoiada pelos Estados Unidos que forneceria ajuda humanitária em Gaza, renunciou inesperadamente no domingo (25), um dia antes do início das operações do grupo, após um ataque israelense a uma escolar matar dezenas de palestinos deslocados abrigados no local.
Wood, diretor-executivo da fundação nos últimos dois meses, disse que renunciou porque a instituição não conseguia aderir “aos princípios humanitários de humanidade, neutralidade, imparcialidade e independência”.
A saída ressalta a confusão em torno da organização, que foi boicotada pelas Nações Unidas e pelos grupos humanitários que fornecem auxílio a Gaza antes de Israel impor um bloqueio total ao território em março.
Os grupos afirmam que o sistema de distribuição da fundação minará o princípio de que a ajuda deve ser supervisionada por uma parte neutra.
Israel, que apresentou um plano semelhante no início deste ano, afirma que não participará da entrega da ajuda, mas que s endossou e fornecerá segurança para ela.
Na semana passada, sob crescente pressão internacional, as autoridades israelenses permitiram a entrada de uma pequena quantidade de ajuda no na Faixa de Gaza, mas os caminhões transportavam somente uma fração dos alimentos necessários para uma população de dois milhões de pessoas em risco de fome após meses de bloqueio.
A Fundação Humanitária de Gaza, que utilizaria empreiteiros privados trabalhando sob uma ampla cobertura de segurança israelense, anunciou que iniciaria as entregas nesta segunda-feira (26), com o objetivo de chegar a um milhão de palestinos até o final da semana.
“Planejamos expandir rapidamente para atender toda a população nas próximas semanas”, afirmou em um comunicado.
Sistema criticado pela ONU
A fundação registrada na Suíça foi duramente criticada pelas ONU, cujos representantes afirmaram que os planos de distribuição de ajuda da empresa privada são insuficientes para alcançar os mais de dois milhões de habitantes de Gaza.
A nova operação contará com quatro grandes centros de distribuição no sul do território, que farão a triagem de famílias em busca de envolvimento com militantes do Hamas, possivelmente usando tecnologia de reconhecimento facial, segundo autoridades humanitárias.
Mas muitos detalhes sobre como funcionará permanecem inexplicáveis, não ficando imediatamente claro se os grupos de ajuda humanitária que se recusaram a cooperar com a fundação ainda poderão enviar caminhões.
O Hamas condenou o novo sistema, afirmando que ele “substituiria a ordem pelo caos, imporia uma política de fome planejada de civis palestinos e usaria alimentos como arma em tempos de guerra”.
Israel afirma que o sistema visa separar a ajuda do Hamas, que acusa de roubar e usar alimentos para impor controle sobre a população, acusação rejeitada pelo grupo, que alega proteger comboios de ajuda de gangues de saqueadores armados.