Órgão regulador está preocupadao com proposta dos EUA para que chips sejam equipados com funções de rastreamento e localização Negócios, China, Chips, cibersegurança, CNN Brasil Money, Nvidia CNN Brasil
A China levantou preocupações sobre potenciais riscos de segurança no chip de inteligência artificial H20 da Nvidia (NVDA.O), lançando incertezas sobre as perspectivas de vendas da empresa norte-americana no país, semanas após a reversão de uma proibição de exportação dos EUA.
A Administração do Ciberespaço da China, órgão regulador da internet do país, afirmou estar preocupada com uma proposta dos EUA para que chips avançados vendidos no exterior sejam equipados com funções de rastreamento e localização.
Segundo o órgão, a Nvidia foi convocada para uma reunião nesta quinta-feira (31) para explicar se o chip de IA H20 possui algum risco de segurança relacionado a backdoors — mecanismos que permitem acessos não autorizados –, pois há preocupações de que dados e direitos de privacidade de usuários chineses possam ser afetados.
A Nvidia não respondeu imediatamente ao pedido de comentário da Reuters.
Em maio, o senador norte-americano Tom Cotton apresentou um projeto de lei que orienta o Departamento de Comércio a exigir mecanismos de verificação de localização para chips de IA sujeitos a restrições de exportação, a fim de limitar o acesso chinês à tecnologia avançada de semicondutores dos EUA.
A Nvidia está no centro das relações entre EUA e China, e a medida chinesa ocorre logo após os EUA, neste mês, reverterem uma proibição de abril que impedia a venda do chip H20 para a China. A empresa desenvolveu o chip H20 para o mercado chinês após os EUA imporem restrições à exportação de chips avançados de IA, no final de 2023.
“Os chips da Nvidia agora são descartáveis para a China. Eles podem ser facilmente colocados na mesa de negociações”, disse Tilly Zhang, analista da Gavekal Dragonomics.
“A China, obviamente, tem hoje mais coragem e capacidade de substituição doméstica em comparação com anos anteriores, para não depender de tecnologia estrangeira.”
Neste mês, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, fez uma visita pública e efusiva à China, onde buscou demonstrar seu compromisso com o mercado chinês, encontrou-se com autoridades do governo e elogiou os avanços do país em IA.
O comunicado da Administração do Ciberespaço da China não detalhou quais poderiam ser os riscos de segurança relacionados a backdoors, nem informou quais medidas o governo chinês considerava adotar.
Forte demanda
Charlie Chai, analista da 86Research, focada em tecnologia e consumo, disse que o alerta de Pequim provavelmente foi uma postura simbólica contra objeções semelhantes feitas por autoridades dos EUA.
“No entanto, não acreditamos que Pequim fará exigências excessivamente rigorosas ou introduzirá obstáculos regulatórios que efetivamente expulsem a Nvidia da China — por falta de alternativas, a China ainda precisa dos chips da Nvidia para pesquisa e aplicações domésticas”, afirmou Chai.
Os produtos da Nvidia são altamente requisitados não apenas por empresas de tecnologia chinesas, mas também por órgãos militares, institutos estatais de pesquisa em IA e universidades do país. Na semana passada, a empresa fez um pedido à fabricante contratada TSMC para 300 mil chipsets H20 devido à forte demanda, segundo a Reuters.
Autoridades chinesas e associações da indústria já acusaram empresas de tecnologia dos EUA de representarem riscos de segurança, com consequências variadas.
No início de 2023, a China proibiu operadores-chave de infraestrutura do país de comprar da Micron, alegando que uma revisão conduzida encontrou sérios riscos de segurança nos produtos da fabricante norte-americana de chips de memória.
No ano passado, a Associação de Segurança Cibernética da China, um grupo da indústria, pediu que produtos da Intel vendidos na China fossem submetidos a uma revisão de segurança, mas os reguladores chineses não responderam publicamente.
A Nvidia também enfrenta uma investigação antitruste na China. A Administração Estatal de Regulação do Mercado anunciou no final do ano passado que estava investigando a fabricante de chips por suspeita de violações da lei antimonopólio do país.
O órgão regulador afirmou ainda que a Nvidia era suspeita de violar compromissos assumidos durante a aquisição da projetista israelense de chips Mellanox Technologies, sob termos definidos na aprovação condicional do acordo, em 2020.
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