Bactéria ficou menos letal para ser mais transmissível, diz estudo Tecnologia, Bactéria, Estudo, Peste Negra CNN Brasil
Um estudo solucionou o mistério do motivo que fez a bactéria Yersinia pestis, causadora da peste negra, sobreviver tantos séculos até a atualidade. A resposta está em uma pequena alteração genética que fez o microorganismo ser menos fatal e mais transmissível.
A ciência já sabia que algumas cepas de Y. pestis eram menos agressivas, mas o novo estudo, publicado na revista Nature, trouxe a explicação para essa variação.
“”Nossas descobertas neste estudo caracterizam um caso em que um patógeno causador de pandemia evoluiu independentemente para causar o que acreditamos ser uma forma ligeiramente mais branda da doença”, afirma Ravneet Sidhu, paleogeneticista da Universidade McMaster em Hamilton, no Canadá, e coautora do estudo.
Para chegar a esse resultado, os pesquisadores infectaram camundongos com níveis diferentes de Pla, um gene associado à agressividade da bactéria. Os animais que receberam a cepa com Pla reduzido viveram dois dias a mais do que os que receberam a cepa normal.
Os dados também mostraram uma queda da mortalidade de 15 pontos percentuais: 100% para a cepa normal e 85% com Pla reduzido. As duas cepas, no entanto, foram igualmente fatais quando infectadas por via intravenosa ou nasal, simulando infecções sanguíneas e pulmonares.
O estudo explicando ainda que é vantajoso para a bactéria que ela seja menos letal, já que assim ela pode viver mais tempo dentro do hospedeiro e ser transmitida mais vezes.
A Yersinia pestis é a bactéria causadora da peste negra, doença que matou 50 milhões de pessoas no século XIV, e foi responsável por outra praga que atingiu o Mediterrâneo no século VI. Até hoje ela circula em níveis baixos nos Estados Unidos, África e Ásia e é transmitida para humanos por pulgas infectadas transportadas por ratos ou outros roedores.