Responder à pergunta pode ser mais desafiador do que parece, mas é importante saber quando procurar ajuda Saúde, Saúde mental CNN Brasil
Neste mundo caótico de agendas lotadas, eventos estressantes e responsabilidades pessoais, é comum ficarmos distraídos no nosso mundo interior.
Seja intencional ou não, “as pessoas podem acreditar que estão ‘bem’ enquanto funcionam no piloto automático, trabalhando em excesso ou se anestesiando com a ‘doom scrolling’ (rolagem interminável de notícias ruins) nas redes sociais, comida, álcool ou até mesmo se isolando com sono em excesso,” disse a psicóloga clínica Urszula Klich.
É por isso que Klich e outros especialistas recomendam tirar um momento para investigar a fundo e perguntar a si mesmo: “Como eu realmente estou?”
Manter uma consciência clara do seu bem-estar mental é essencial para a prevenção e o equilíbrio, disse a psicóloga.
“A autoconsciência nos ajuda a detectar o estresse ou o desequilíbrio emocional precocemente, permitindo um ajuste”, acrescentou. “Estar autoconsciente faz parte da inteligência emocional — um tipo de alfabetização emocional para saber o que você sente. Entender o porquê é outra parte do quebra-cabeça, mas que nem sequer podemos começar a montar se não reconhecermos que estamos tendo problemas.”
Como você pode descobrir como você está? Pode ser tão simples quanto se propor a estar atento às suas experiências ao longo do dia, escrever em um diário regularmente ou procurar e conversar com um terapeuta.
A CNN conversou com vários especialistas em saúde mental e listou abaixo alguns fatores que eles sugeriram que você considere durante uma autoavaliação. Eles também compartilharam ideias sobre o que fazer se achar que precisa de ajuda.
Como está o seu bem-estar mental?
Ninguém se sente perfeitamente feliz ou contente o tempo todo. Sentir-se levemente estressado ou para baixo temporariamente devido a mudanças na vida pessoal, profissional ou no mundo é normal, e esse sentimento pode afetar brevemente o sono, motivação ou humor, disse Klich.
Todos ocasionalmente experimentam esses aspectos transitórios da condição humana, disse o Dr. Ken Duckworth, diretor médico da Aliança Nacional sobre Doença Mental.
Você pode ser capaz de lidar com esse tipo de situação sozinho, conversando com um amigo, saindo para correr, escrevendo em um diário ou escolhendo outro hábito saudável que ajude você a se sentir melhor, acrescentou Klich.
E se não for temporário? Quando os sintomas persistem por mais de duas semanas e afetam sua capacidade de funcionar e aproveitar a vida, é hora de prestar mais atenção, disseram Duckworth e Klich.
Experimentar um conjunto de sintomas em vez de apenas um ou dois também deve ser motivo de preocupação, disse Theresa Nguyen, assistente social clínica licenciada e diretora de pesquisa da Mental Health America.
“Achar a vida angustiante é uma experiência humana normal”, disse Duckworth. Mas se você não consegue se recuperar desses sentimentos e percebe que frequentemente não consegue ser um pai/mãe adequado, concluir seu trabalho, sair da cama, cumprir planos com amigos ou se alimentar corretamente, você deve conversar com seu médico ou terapeuta sobre seus problemas e maneiras de geri-los, acrescentou Duckworth.
Além disso, preste atenção em qualquer ente querido que lhe diga que notou mudanças em seu humor ou comportamento.
“As pessoas costumam dizer que problemas de relacionamento são os fatores precipitantes que as levam a analisar questões de saúde mental”, disse Nguyen.
Além disso, quão resiliente você é? Você fica remoendo por muito tempo ou se permite sentir suas emoções por um curto período e depois faz as mudanças necessárias para lidar com a vida? A resposta a isso também pode ser reveladora.
“Se você está preocupado com um transtorno de humor, pergunte a si mesmo se pode tentar manter as rotinas diárias, como dormir, comer, sair e se comunicar com outras pessoas, pois a estrutura pode estabilizar o funcionamento”, disse Klich. “Envolva familiares ou amigos que apoiam você para responsabilidade e encorajamento.”
Um profissional de saúde também pode descartar condições médicas subjacentes, acrescentou ela, já que estas podem, às vezes, parecer ser problemas de saúde mental.
E se você sentir que está mal?
Indicadores de que sua saúde mental é mais grave podem incluir experimentar uma piora da sua condição, abandonar frequentemente responsabilidades para com seus entes queridos, usar substâncias para lidar com a situação, não manter a higiene, colocar sua segurança em risco ou sentir sentimentos incessantes de desesperança, desespero ou ideação suicida, disse Klich. Psicose — marcada por alucinações, delírios ou perda da realidade — é outro sinal.
“A ajuda apropriada é vital se os problemas de saúde mental estiverem aumentando, e sintomas graves raramente melhoram sem apoio estruturado”, disse Klich.
“Isso pode literalmente se tornar uma questão de vida ou morte ou, no mínimo, resultar em graves interrupções de relacionamento e trabalho. Se você tiver sinais de que sua vida está fora de controle ou tiver pensamentos de ferir a si mesmo ou a outra pessoa, é vital obter uma avaliação abrangente por um psiquiatra ou psicólogo. O gerenciamento de medicamentos e a terapia podem ajudar.”
Quanto mais cedo você procurar ajuda, menos provável será que precise de hospitalização, acrescentou Klich.
Neste caso, manter padrões saudáveis de sono e alimentação o melhor que puder também é fundamental. Independentemente de sua situação, outras práticas que podem manter você mentalmente saudável são: envolver-se regularmente com o que quer que o ajude a sentir propósito na vida, fazer pausas na tecnologia, passar tempo em espaços e com coisas que o relaxam e praticar a atenção plena (mindfulness) ou exercícios respiratórios, disseram os especialistas.
