Apesar de afetar cerca de 12% das mulheres brasileiras, segundo a Associação Brasileira de Lipedema, a doença ainda é confundida com outros quadros Saúde, Doenças inflamatórias, Inflamação, Lipedema CNN Brasil
O lipedema é uma doença crônica vascular que acomete, principalmente, as mulheres. A condição é caracterizada pelo acúmulo de gordura nas pernas e nos braços, além de dor e sensibilidade no local afetado.
No entanto, apesar de acometer cerca de 12% das mulheres brasileiras, segundo a Associação Brasileira de Lipedema, a doença ainda é confundida com outros quadros, como sobrepeso e obesidade, o que dificulta o diagnóstico e o tratamento ideal.
“O lipedema surgiu como diagnóstico há quase 100 anos, quando médicos perceberam que algumas mulheres que tinham uma assimetria no corpo, com muito mais gordura da cintura para baixo, também apresentavam muita dor, sensibilidade, hematomas que surgiram com facilidade, dor articular, inchaço e varizes associadas”, explica Vitor Gornati, especialista em Cirurgia Vascular e Endovascular, à CNN. “Tudo isso foi colocado em um único ‘cesto’ e chamado de lipedema”, completa.
No entanto, segundo o especialista, poucos estudos foram produzidos sobre a doença até a última década, o que faz com que muitos médicos ainda não saibam reconhecer as particularidades do lipedema.
A seguir, conheça os principais sintomas e como o diagnóstico é feito para identificar o lipedema.
Sintomas de lipedema
Os principais sintomas de lipedema são:
- Dor e desconforto local;
- Sensibilidade aumentada nos membros afetados;
- Cansaço e fadiga nos membros inferiores;
- Sensação de peso ou “pressão” constante nas pernas;
- Hematomas espontâneos devido à fragilidade vascular capilar;
- Coxins de gordura no meio da coxa e da perna que impedem a movimentação habitual dos membros, comprometendo a marcha.
Além disso, segundo Gornati, um dos sinais de alerta para o lipedema é a gordura que não responde ao tratamento habitual, como dieta e exercício físico. Ou seja, a pessoa pode perder peso no restante do corpo, mas o local afetado continua com acúmulo de gordura. Outro ponto de atenção é a dificuldade para ganho de massa muscular.
“A pessoa costuma ter uma dificuldade de até 30% de fazer músculo do que a pessoa sem a doença ou que tem obesidade. Consequentemente, ela pode ter dor nas articulações, pois não tem músculo o suficiente para protegê-las”, afirma o especialista. A flacidez na pele também é um sintoma frequentemente associado ao lipedema.
Como fazer o diagnóstico diferencial?
O lipedema pode ser identificado através da avaliação física e dos sintomas do paciente. No entanto, outros exames e testes podem ajudar a confirmar o diagnóstico e diferenciar a condição de outras doenças vasculares ou metabólicas.
É o caso da bioimpedância, que avalia a composição corporal, estimando massa magra, gordura corporal e água corporal total. Esse exame é importante para diferenciar o lipedema do linfedema, condição causada pela disfunção do sistema linfático, levando ao acúmulo de líquido rico em proteínas (linfa) nos tecidos e causando inchaço persistente e progressivo.
Outro exame que pode ser indicado é o da densitometria corporal, que também avalia a quantidade de massa magra, massa gorda e densidade mineral óssea. “A partir dele, conseguimos calcular se é obesidade, lipedema ou se são as duas condições juntas”, afirma Gornati.
O ultrassom também pode ser utilizado para descartar doenças venosas, como varizes, trombose e outros tipos de condições que causam inchaços nos membros, além de avaliar a inflamação na gordura, uma característica típica do lipedema.
Por fim, outras duas ferramentas podem ser utilizadas para identificar sintomas característicos do lipedema, como a algometria, que mede a sensibilidade à dor, e a termografia, que avalia a temperatura da pele, identificando focos de inflamação.
Como é feito o tratamento?
O tratamento do lipedema é dividido em duas categorias: o clínico e o cirúrgico. “Todas as pessoas vão precisar do tratamento clínico, mas nem todas vão precisar de cirurgia. Isso vai depender de como cada um responde ao primeiro”, explica Gornati.
O tratamento clínico consiste em mudanças no estilo de vida, com a adoção de uma alimentação anti-inflamatória, e a prática de atividade física com exercícios específicos para as características de cada paciente. Também podem ser indicados a drenagem linfática e o uso de meia-elástica compressiva.
Já o tratamento cirúrgico é indicado para os pacientes que não respondem ao tratamento clínico. Nesse caso, é indicada a lipoaspiração, que consiste na remoção do excesso de gordura, aliviando a dor e melhorando a mobilidade.
O que causa lipedema? Conheça sintomas e tratamentos para a doença