O ousado projeto de transformar Águas Lindas de Goiás em um grande polo industrial brasileiro, capaz de gerar milhares de empregos, está parado. O motivo é uma disputa judicial entre a prefeitura da cidade, situada no Entorno de Brasília, e uma família que é dona das terras onde o megaprojeto será construído.
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O Polo Industrial em Águas Lindas de Goiás ocupará mais de 34 hectares com investimento de empresas chinesas
Reprodução/Prefeitura de Águas Lindas de Goiás
Empresas de Shenzhen, Zhongshan e Haikou vão produzir veículos elétricos, painéis de LED e soluções de automação no local
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O projeto prevê cerca de 2 mil empregos diretos e mais de 10 mil indiretos, além de um centro de convenções e inovação
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O Metrópoles foi até a propriedade afetada pela desapropriação, a Fazenda Cachoeira Saltador, onde mora o caseiro Agnaldo Alves, de 75 anos. Ele vive ali há décadas cuidando do gado e do terreno da família Simonassi, dona das terras.
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Investimento chinês de cerca de R$ 2 bilhões no Polo Industrial Sol Nascente permanece parado por impasse judicial
Kebec Nogueira/Metrópoles @kebecfotografo
Terreno destinado ao Polo Industrial Sol Nascente, ainda cercado por incertezas judiciais, atrasando um investimento bilionário
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Prefeitura apresentou nova proposta de acordo no valor de R$ 10,8 milhões para concluir desapropriações e liberar o polo industrial
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O Polo Industrial Sol Nascente já tem 62 empresas nacionais confirmadas, além de grupos internacionais interessados
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Máquinas da prefeitura registradas em uma das propriedades da família Simonassi durante tentativas de desapropriação
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Agnaldo Alves, 75 anos, mostra o quintal da Fazenda Cachoeira Saltador, improvisando um sistema de bombeamento de água após a derrubada da caixa d’água pela prefeitura
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R$ 659 mil foi o valor depositado pela prefeitura para desapropriar os terrenos; a Justiça avalia que o valor correto seria R$ 881 mil
Agnaldo ainda lembra do dia em que viu caminhões da prefeitura entrarem na propriedade. Eles derrubaram a caixa d’água e desligaram a energia elétrica. Desde então, o caseiro passou a depender de pequenas bombas d’água.
“A gente teve que se virar com as bombinhas depois que levaram tudo”, conta Agnaldo, mostrando o quintal onde improvisou novo sistema para puxar água do poço.
As desapropriações são fundamentais para que o centro industrial saia do papel, mas a prefeitura ainda não chegou a um acordo com todos os proprietários nem quitou as indenizações. O impasse chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde o processo corre ainda sem um desfecho.
Polo industrial chinês
Um processo mostra que o município de Águas Lindas depositou R$ 659 mil aos moradores para desapropriar o terreno, mas a Justiça avaliou que o valor deveria ser de R$ 881 mil. A diferença não foi paga. Advogados da família Simonassi afirmam ainda que o município não incluiu no orçamento os recursos necessários para as desapropriações, algo exigido por lei antes de tomar posse de uma área particular.
O projeto do polo industrial chinês pretende ocupar mais de 34 hectares, e conta com 62 empresas nacionais confirmadas, além de investidores chineses que anunciaram um aporte de cerca de R$ 2 bilhões para erguer o Centro de Convenções ITEC e outras instalações industriais.
Empresas de cidades como Shenzhen, Zhongshan e Haikou se instalariam no local, produzindo desde veículos elétricos e equipamentos industriais até painéis de LED e soluções em tecnologia e automação, além de oferecer treinamento e inovação tecnológica.
O projeto, que deveria ter começado no fim do ano passado, agora está com previsão de conclusão para 2027, e promete movimentar a economia da cidade, gerar cerca de 2 mil empregos diretos e mais de 10 mil indiretos, e transformar Águas Lindas em um importante centro industrial e tecnológico, com foco em tecnologia, energia limpa e comércio internacional.
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Pronunciamento
Procurada pelo Metrópoles, a Prefeitura de Águas Lindas (GO) confirmou o impasse e ressaltou que tem trabalhado para resolvê-lo: “O terreno onde será construído o Polo Industrial Sol Nascente foi desapropriado de forma regular e dentro da lei. O município já apresentou uma nova proposta de acordo. O caso está sendo mediado pela Justiça, e o acordo está próximo de ser concluído de forma amigável com os proprietários”.

