Senador afirmou que decisão do ministro Alexandre de Moraes representa uma “censura” ao ex-presidente e levanta dúvidas sobre o que ele pode ou não dizer à imprensa Política, Alexandre de Moraes, Flávio Bolsonaro, Jair Bolsonaro CNN Brasil
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta sexta-feira (25) que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que manteve as medidas cautelares contra Jair Bolsonaro (PL), é “dúbia” e tem como objetivo “calar” o ex-presidente.
“Não satisfeito em retirar as redes sociais de Bolsonaro, ele toma essa decisão que é dúbia exatamente para calar o Bolsonaro e para que a imprensa tenha que se pautar pelo o que o Alexandre de Moraes quer”, afirmou o senador em entrevista à CNN.
Segundo Flávio, a medida representa uma forma de censura, já que, em sua interpretação, Bolsonaro estaria proibido de comentar determinados assuntos, mesmo em entrevistas à imprensa.
“Essa decisão do Alexandre de Moraes pelo seu grau de subjetividade é uma censura que se impõem a ele. Se ele estivesse aqui para dar entrevista teria alguns assuntos proibidos que pudesse falar, pelo menos essa a interpretação que estou tendo dessa decisão”, complementou Flávio.
Na quinta-feira (24), Bolsonaro afirmou que ainda busca orientação jurídica sobre o que está autorizado a falar em público após a decisão de Moraes, que impôs medidas restritivas, mas não determinou a prisão preventiva.
“Eu vou ver com o advogado o que eu posso falar”, disse o ex-presidente, ao chegar à sede do PL, em Brasília. Ele optou pelo silêncio ao ser abordado pela imprensa.
As cautelares foram impostas no âmbito do inquérito que investiga Bolsonaro por coação no curso do processo, obstrução da Justiça e ataques à soberania nacional. Entre as medidas determinadas pelo ministro estão o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e proibição do uso de redes sociais.
Na segunda-feira (21), Bolsonaro falou com jornalistas na saída da Câmara dos Deputados e mostrou a tornozeleira eletrônica, em um episódio que gerou repercussão nas redes sociais.
Moraes, então, solicitou explicações à defesa do ex-presidente. Apesar disso, na decisão de quinta-feira, o ministro considerou a situação como isolada e decidiu não decretar a prisão preventiva.
Apesar disso, Moraes alertou que manifestações públicas que incitem “milícias digitais” ou tenham relação com os temas proibidos poderão ser consideradas violações das medidas cautelares.
No despacho, ele escreveu que Bolsonaro mantém o mesmo “modus operandi” do filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), investigado no STF por conspirar contra a soberania nacional a partir dos Estados Unidos.
Na decisão, Moraes reforçou que o ex-presidente não está impedido de falar com a imprensa, mas que qualquer conteúdo seu veiculado nas redes sociais será considerado descumprimento da decisão judicial.
(Por Mateus Salomão)